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Juros altos param o Brasil
segunda-feira, 25 de julho de 2016
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Terça-feira (19), as seis Centrais Sindicais reconhecidas realizaram ato unitário contra os juros altos. O protesto teve como objetivo pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que iniciava mais uma reunião para definir os rumos da política monetária e a fixação da taxa de juros que vai vigorar até a próxima reunião do colegiado.
A taxa de juros no Brasil é exorbitante. Nada menos do que 14,25% ao ano, enquanto a média ficou em torno de 0,53% em maio deste ano. A diferença é colossal e favorece os rentistas, que deixam de investir na produção, aplicam o dinheiro em títulos do governo, o que impede a retomada do crescimento econômico.
Juros altos significam recessão e mercado desaquecido gera desemprego, arrocha os salários, inibem o consumo e ameaçam direitos trabalhistas, entre outros estragos sociais.
Os gastos do governo com o pagamento dos juros têm impacto em obras sociais. Investimentos fundamentais ao bom desempenho dos serviços públicos, como saúde e educação, são reduzidos – e até mesmo cortados. Enfim, a consequência de se manter a taxa básica de juros (Selic) alta é ruim para todos, mas é pior para o trabalhador e o povo pobre.
Para se ter uma ideia, levantamento feito em 2013 pela entidade Auditoria Cidadã da Dívida aponta que o pagamento de juros e amortizações consumiram 40,30% dos recursos federais. No mesmo ano, a Saúde recebeu apenas 4,29%, a Educação 3,70%, Segurança 0,40%, Transportes 0,59% e Habitação 0,00%.
Com os R$ 718 bilhões gastos com a dívida naquele ano poderiam ser construídas 929 mil Unidades Básicas de Saúde, 14 milhões de casas populares e 765 mil escolas. Como se pode ver, os gastos com os elevados juros da dívida pública têm sido os principais responsáveis pela retirada dos direitos sociais.
As Centrais Sindicais têm essa consciência e defendem a redução dos juros como caminho para a retomada do desenvolvimento, com geração de emprego e aumento da renda.
O atraso do desenvolvimento econômico só vai começar a ser vencido com os juros caindo. Além da pressão nas ruas, vale promover ações que unam trabalhadores e o setor produtivo. O objetivo é concentrar esforços, como tem feito o Sindicato dos Metalúrgicos junto com a Força Sindical, a Federação e a Confederação da categoria.
A mobilização da terça também marcou a retomada da unidade de ação do sindicalismo. Com esse protesto, repudiamos a manutenção da exorbitante taxa Selic. Assinamos com os empresários, conjuntamente, o documento chamado “Compromisso pelo Desenvolvimento”.
Nele, reafirmamos a necessidade, urgente, de o Brasil “adotar politicas de fortalecimento do mercado interno para incrementar os níveis de consumo, de emprego, renda e direitos sociais”. De saída, portanto, é preciso baixar os juros e valorizar a indústria nacional, a produção, e não o capital especulativo que reduz a confiança no Brasil e os investimentos.
José Pereira dos Santos
Presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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