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Lições cubanas
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
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Estive em Cuba, a trabalho, na primeira quinzena de novembro. Na condição de secretário de Formação Sindical, da Força Sindical, integrei delegação com 18 dirigentes brasileiros, para curso de formação em Havana. O curso decorre de convênio entre nossa Central e a CTC local.
Foram 40 horas de aprendizado muito útil e de fraterna convivência com dirigentes preparados e detentores de elevada formação política e cultural. Minha ideia, que levarei à Força Sindical, é trazer ano que vem uma delegação de cubanos para que deem curso semelhante aqui, no Brasil.
Dias antes da viagem, um sindicalista amigo provocou: – Vai fazer o que em Cuba; o que eles têm a nos ensinar? Pois bem. Responderei neste artigo.
Os companheiros cubanos, de um país onde não há nada sobrando (muito pelo contrário), possuem algo precioso: a essência. Os dirigentes com quem convivi foram o tempo todo educados, fraternos e companheiros – um companheirismo que tantas vezes nos faz falta por aqui.
Convivi com homens e mulheres de extrema simplicidade, mas de alta cultura, cuja formação lhes permite analisar concretamente seu país e entender a conjuntura internacional. Pessoas sinceramente comprometidas com um projeto social e de nação fora dos padrões capitalistas.
Todo povo tem suas características. O cubano é alegre e expansivo. Várias vezes, encontrei pessoas cantando nas ruas. Mesmo na fábrica que visitei – onde não acontece acidente de trabalho há cinco anos – vi operários e operárias muito alegres. O povo cubano é também bastante saudável – outra de suas marcas visíveis.
Em Cuba, ao contrário do Brasil, a educação é continuada. A partir dos quatro anos, até o ciclo superior, todos podem estudar, de graça. Entre meus colegas locais de curso havia vários com mestrado e doutorado. Até os 18 anos não se trabalha. Até essa idade, apenas estudos.
Pouco tempo tive para andar por Havana. Mas onde andei não vi qualquer risco de violência ou assaltos, tão comuns por aqui. Soube, por um colega de lá, que o porte ilegal de arma é punido com 25 anos de prisão e que a pena para o tráfico de drogas é de 15 anos.
O sindicalismo cubano está, evidentemente, ligado a um projeto de poder. Ídolos como Fidel Castro e Che Guevara são muito cultuados. Nas empresas maiores, o Sindicato tem uma base local. Os dirigentes são eleitos pelos delegados. A prática de congressos sindicais é uma tradição na ilha. Locais de trabalho elegem delegados e estes, os dirigentes; de baixo para cima.
Já visitei muitos países e respeito as formas do sindicalismo local, porque cada experiência é original e única. Mas confesso que aprendi muito nessa estada na terra de Fidel e parabenizo a Força Sindical pela feliz iniciativa de aproximação com a Central dos Trabalhadores de Cuba.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br