É tanta rasteira que o brasileiro leva que está difícil se reerguer. Finalmente, graças à vacina, a pandemia parece estar sobre controle no País, apesar de a quarta onda lá na Europa já acender o sinal de alerta também por aqui. Não bastasse a taxa de desemprego recorde, a inflação saindo do controle, a pobreza que só aumenta, o governo Bolsonaro se organiza para dar mais uma rasteira no trabalhador. Rasteira essa que abre caminho para trazer de volta o trabalho escravo! É isso que é a proposta da nova minirreforma trabalhista.
A desculpa, como sempre, é que o sistema trabalhista precisa ser reformulado para gerar novos empregos e melhorar a situação dos trabalhadores informais. De fato, o objetivo do governo é reduzir ou retirar obrigações trabalhistas conquistadas ao longo da história com muita luta da classe trabalhadora. Entre os direitos que querem tirar, estão o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o 13º salário.
Temos de estar atentos e fortes para combater toda e qualquer retirada de direitos. Recentemente, com pressão e luta das entidades sindicais e de quem de fato defende o trabalhador conseguimos derrubar a carteira verde amarela e a MP 1.045 que também tinham como objetivo tirar direitos da classe trabalhadora. Mas é preciso lembrar que, em 2017, o governo Temer aprovou uma Reforma Trabalhista, que está em vigor, e só trouxe prejuízo para o trabalhador.
Criar emprego, que era a promessa da Reforma Trabalhista, nada. De lá pra cá, a situação só piorou, visto que hoje o Brasil tem 14 milhões de desempregados e 20 milhões de famintos. Temos de entender que a economia é uma grande engrenagem na qual retirar direitos não gera emprego e renda. Ao contrário. Aumenta a pobreza.
O que precisamos é fortalecer o poder de compra dos trabalhadores. Aí, sim, ele gasta no mercado do bairro, na feira e na loja do centro da cidade. Consumindo mais, movimenta a indústria e o setor de serviços que, em resposta, vão gerar mais empregos. Por isso tudo é totalmente descabida e absurda essa proposta da minirreforma trabalhista. É mais uma rasteira que o governo quer passar nos trabalhadores e que seria desastrosa para todos, inclusive também para os patrões a médio e longo prazos. É preciso estarmos atentos a este projeto da elite e de governos elitistas que querem o trabalhador cada vez mais pobre.
Edson Dias Bicalho
presidente do Sindicato dos Químicos de Bauru e Região (Sindquimbru) e secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar)