É interessante pararmos e pensarmos como, em momentos de falta de esperança, necessidades não atendidas, acúmulo de frustrações ao longo da vida, acúmulo de dívidas, doenças e ansiedade materialista, surgem um sem número de mercadores da fé, prometendo milagres diretamente proporcionais ao tamanho da contribuição dos fiéis.
Outro ponto que merece uma análise mais detalhada é o surgimento de coachs, influenciadores digitais que se enriquecem com cursos, palestras, vídeos e mensagens motivacionais, que usam os momentos difíceis das pessoas para convencê-las que uma vida melhor só depende delas. Mentira. Falta trabalho digno para milhões de brasileiros, falta salário digno para a maioria dos trabalhadores, falta infraestrutura nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte etc. Esta realidade não muda enquanto não nos dermos conta que dependemos uns dos outros, para que a justiça social e a justiça econômica se tornem objetivos prioritários da sociedade e de seus governantes.
A questão central é a de que, até quando as pessoas continuarão a acreditar e votar em candidatos que não se importam com a vida daqueles menos favorecidos, apesar de fazerem discursos que prometem um futuro melhor? Não merece o voto nenhum
candidato que não conheça a realidade dos pobres, as suas necessidades, as suas expectativas e seus potenciais.
Aliás, é impensável que o eleitor da cidade de São Paulo não reflita sobre a importância de votar em quem tem compromisso com o povo; vejam os vereadores aprovando a privatização da Sabesp, atacando o Padre Júlio Lancelotti, fechando os olhos para a violência policial na periferia… Vejam o povo elegendo um governador e vários deputados que, nem sequer, moravam em nosso Estado. Chega de aventureiros de extrema-direita e de políticos fisiológicos, movidos a emendas parlamentares polpudas, que se escondem atrás de uma pauta dita conservadora.
É estarrecedor que, com todos os crimes cometidos pelos bolsonaristas, ainda haja espaço em partido político e nos meios de comunicação para um pré-candidato que afirma que morrer pobre é opção de cada um.
Morrer pobre não é uma opção, é uma imposição de um sistema capitalista, que se baseia na acumulação de renda a partir da exploração da mão de obra e da captura do Estado, onde somente se votam leis e projetos que interessam à elite econômica do país, que, via de regra, deixa os interesses coletivos e as prioridades sociais em segundo plano.
Eduardo Annunciato – Chicão
Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA e do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo – STIEESP
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