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O ajuste tem que começar pela parte de cima
quinta-feira, 2 de junho de 2016
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Com o rombo que o governo diz ter em mãos, é óbvio que ajustes precisarão ser feitos para colocar as contas em dia. Nossa luta é para evitar que os ajustes não explodam somente no colo do trabalhador. E temos todas as razões para esse alerta. As medidas anunciadas por Michel Temer são o sinal do que vai vir pela frente. O governo vai querer resolver a crise jogando tudo na conta trabalhador. É o que vinhamos alertando à tempos: era preciso cuidado para não entrar em aventuras que acabassem virando um tiro no próprio pé. A crise já tem feito os trabalhadores padecerem com o desemprego. Querer impor condições que aumentam ainda mais a precariedade do trabalhador é aprofundar mais a recessão.
Agora é correr atrás para evitar que a crise não fique mais feia do que já tem sido para o trabalhador. Precisamos pressionar o novo governo para que volte seu serrote para o lado de cima da tabela. Se há algum corte a ser feito para economizar, esse corte tem que ser nos privilégios que garantem a vida boa dos bancos, das grandes empresas e da elite econômica e política do país. São bilhões que saem do nosso bolso para manter as mamatas dessa gente. É uma contradição espremer o trabalhador até a última gota para arrumar a casa, mas não tocar um milímetro nas benesses dos ricos e poderosos mantidos com dinheiro público.
Em vez de mirar o serrote para cortar essa farra com o nosso dinheiro, os “especialistas”, de rabo preso com os poderosos, dizem que são os direitos da população menos favorecida que prejudicam o país. Uma conversa mole. Uma safadeza. Se tem que fazer ajuste, que se comece cortando a bolsa- banqueiro, o bolsa-empresário, que se taxem as grandes fortunas e as remessas de lucros de empresas que recebem benefícios fiscais. Que se acabe com os milhares de auxílios e outras bizarrices inventadas para favorecer políticos, comissionados e juízes. Esses sim são os verdadeiros causadores do rombo no orçamento.
Já deixamos claro que vamos apoiar todas as iniciativas que forem necessárias para colocar o país nos eixos e estamos trabalhando para contribuir para isso. Agora, não vamos aceitar que a solução da crise seja feita somente ao custo dos trabalhadores. Se for para arrumar a casa, que Temer comece primeiro peitando os poderosos. Tem nosso total apoio nesse sentido.
Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba