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O Brasil não tempo a perder!
terça-feira, 29 de março de 2016
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O processo de impeachment da presidente Dilma pode dar fim à agonia política ou aprofundar a falta de consenso e governabilidade no país. O fato é que a rápida deterioração da economia compromete qualquer expectativa de recuperação em curto prazo.
E não podemos nos dar ao luxo de colocar em xeque os fundamentos macroeconômicos e as conquistas sociais alcançadas nos últimos 20 anos que alicerçaram o desenvolvimento do Brasil. Esse impasse pode nos afundar no atoleiro de uma nova década perdida ou nos lançar ao desafio de realizar reformas e ajustes essenciais.
Mas o clima de beligerância e a carência de líderes capazes de formular uma saída institucional para a crise agravam a percepção de que estamos caminhando para um cenário de consequências imprevisíveis nos próximos anos. A inabilidade política do governo e a falta de clareza da oposição impedem o estabelecimento de uma agenda mínima de governabilidade.
Enquanto isso, as altas taxas de juros, inflação e desemprego aliadas à recessão, corroem a vida de milhares de brasileiros, vítimas de um processo inoperante. Existe um consenso de que o governo Dilma perdeu a legitimidade para exercer o poder.
Acabou, é o fim da linha. Se ainda lhe cabe a prerrogativa constitucional até aqui – embora as delações premiadas no âmbito da “Lava Jato” evidenciem o contrário –, não há mais condições políticas (e morais) para encaminhar um desfecho razoável para a crise.
A tormenta econômica e a espiral radioativa da Lava Jato dissipam qualquer tentativa para tal esforço. O que resta é aglutinar novas forças políticas e sociais para recompor o tabuleiro e restabelecer a confiança da população e do mercado.
O mais preocupante é que todas as medidas tomadas pelo governo para reverter o quadro econômico fracassaram. E sabemos que qualquer intento se revelará inútil.
Não há clima tampouco vontade política. A presidente está isolada, encastelada no caos administrativo de um governo que definha a cada dia até morrer. O mercado decretou a falência do corpo político petista e a escalada do desemprego afeta quase dez milhões de pessoas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil pode ter um em cada cinco novos desempregados do mundo em 2017. Quadro é crítico sem horizonte em curto prazo.
O trabalho é o elo que garante a mobilidade e dignidade da sociedade. É o modo pela qual as pessoas transformam o país e a si mesmas. Afinal, o bem-estar social é construído sobre o alicerce do labor. Portanto, cabe aos agentes políticos apaziguarem a disputa pelo poder às custas do trabalhador brasileiro, solapado de seus direitos sociais e econômicos.
A presidente Dilma, apenas reconhecer que não dá mais para continuar e pede paz. O custo da inação política é muito alto. Brasil não pode esperar mais, sob pena de perdermos no curto prazo, todos os avanços conquistados nas ultimas duas décadas. O Brasil está precisando de brasileiros no poder que tenham a altivez de reconhecer que a obstinação pelo poder, não pode ser maior que o interesse da nação.
Danilo Pereira da Silva
Presidente da Força Sindical do Estado de São Paulo