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O caso da citricultura paulista
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
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O setor citrícola do Estado de São Paulo passa por momentos difíceis. A remuneração dos citricultores em 2009 ficou muito abaixo do custo da produção. Dois fatores foram responsáveis: a retração do mercado comprador de suco no exterior, em função da crise econômica internacional, e também o cartel formado por quatro ou cinco empresas que dominam a compra da laranja.
O controle do greening e do cancro cítrico também são fatores preocupantes. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo trabalhou no controle das doenças cítricas durante muitos anos. Não foi uma ação satisfatória porque não conseguiu controla-las de modo eficiente. Faltou um processo educativo para os agricultores e jogo de cintura nas relações de fiscalização, para que estes não vissem o pessoal da Secretaria como adversários, mas sim como colaboradores. Mais tarde, em 1977, criou-se a Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), uma entidade privada que, em convênio com a Secretaria da Agricultura, passou a fazer esse trabalho. Essa entidade causou muitos transtornos para os produtores e também não controlou a doença, além de ainda privilegiar os grandes pomares, o que tem causado intensa revolta aos pequenos citricultores, principalmente na região de Jales.
Desde a época em que Paulo Maluf era governador, venho pedindo para todas as pessoas que passaram pelo cargo de secretário da Agricultura o abrandamento na questão do controle do cancro cítrico. Somente o atual, João Sampaio, atendeu a esta reivindicação e extinguiu o critério mais radical no controle da doença – que era o de erradicar todo o talhão quando esta fosse encontrada em 0,5%, ou mais, das plantas. Hoje se arranca a planta doente e mais trinta metros ao redor. Ainda não é o ideal, mas houve um avanço, melhorando uma situação que era terrível.
A Secretaria está com dificuldades para renovar o convênio com a Fundecitrus. Então recomendo ao Sr. Secretário para que aproveite a oportunidade e abandone a ligação com essa entidade, que faça um concurso e contrate técnicos para a defesa agropecuária e que trabalhe o controle da doença através da ação destes profissionais, que não cometerão as injustiças que ocorrem hoje. A Secretaria tem condições de formar um quadro de profissionais competentes e eliminar de vez essa parceria, resultando em avanços para o setor. O Secretário, que é produtor e economista, sabe o quanto é difícil essa situação para os citricultores, e também o quanto essa cultura é importante para a economia do Estado. Portanto, é um assunto que merece ser tratado com muito apreço.
Braz Albertini é presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo