O presidente Lula tomou posse no dia 1º. Dezoito dias depois, ele recebeu uma delegação de sindicalistas, com quem debateu propostas da Conclat e outras reivindicações. No mesmo dia 18, dirigentes se reuniram com o ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e da Previdência, Carlos Lupi. No dia 19, nova reunião, desta vez com Luiz Marinho, do Trabalho.
Nesta segunda, 29, foi a vez dos ministros irem ao encontro dos sindicalistas. Às 7h30, Luiz Marinho se reuniu na Força Sindical com dirigentes das Centrais e de Sindicatos de Comerciários. Tema: como enfrentar a crise nas Lojas Americanas, sem que os trabalhadores percam o emprego e/ou direitos.
No mesmo dia, às 11 horas, a Força Sindical recebeu o ministro da Previdência, Carlos Lupi. Na sua fala, ele enfatizou que o sindicalismo fortalece a democracia. E arrematou: quem combate o movimento sindical é contra a própria democracia.
Em seguida, o ministro foi à sede da CUT e também da CSB. Nos três encontros, ele ouviu reivindicações, anunciou que chamará mil concursados pra preencher vagas em aberto e prometeu agilizar procedimentos junto ao INSS, pra concessão de aposentadorias ou outros benefícios previdenciários. Lupi deixou claro: quem mais precisa da Previdência é o pobre.
Ou seja, o governo Lula fez em 30 dias o que Bolsonaro se recusou a fazer durante quatro anos de mandato: dialogar com o movimento sindical e setores organizados da sociedade, ouvir demandas e debater suas propostas.
O diálogo sozinho não resolve problemas. Mas abre portas a entendimentos, negociações e atos administrativos ou políticos. Assim deve agir todo governo democrático, falando com a sociedade e não em cercadinhos de fanáticos.
Na verdade, somos um País com pouca tradição democrática. Por isso, devemos valorizar as iniciativas governamentais que promovam o diálogo, porque é da discussão que nasce a luz. O sindicalismo apoia Lula e fará todos os esforços pra que seu governo dê certo, mas sem abrir mão de nossa autonomia e pautas.
Observo que esse tipo de diálogo também ajuda nas relações capital-trabalho. Conflitos seriam evitados se toda a classe patronal entendesse o valor da democracia. Muitas reivindicações poderiam ser atendidas, ainda que gradualmente, se o patronato prestasse mais atenção ao que pleiteiam as pautas sindicais.
GT – Naquela reunião dia 18, Lula anunciou a criação de um Grupo de Trabalho com 45 dias pra definir a nova política de aumento do salário mínimo. Aumento real, pois o mínimo está defasado e precisa reiniciar sua trajetória de crescimento, a fim de elevar a renda dos mais pobres, garantir comida na mesa e movimentar o mercado interno.
O sindicalismo é uma força combativa. Mas, antes de tudo, somos uma organização que dialoga. Por isso, nunca deixamos de acreditar na democracia.
Josinaldo José de Barros (Cabeça)
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
Diretoria Metalúrgicos em Ação