Qual será o futuro do trabalho? Como o ambiente digital afetará – ou já afeta – as empresas e a vida das pessoas? Ao longo do tempo, as relações de trabalho passaram por transformações marcantes, desde a sociedade pré-industrial até nossos dias de ultraconectividade tecnológica.
Na economia agrária, não-mecanizada, o trabalho era manual, simples e artesanal, desenvolvido em comunidades rurais. O camponês convivia, em muitos casos, com a mão de obra escrava. Além do trabalho campesino, oficinas de artesãos acolhiam aprendizes, ainda menores de idade. A maioria dos cidadãos conhecia somente o mundo da própria aldeia.
Com o advento da industrialização esse sistema rural sofreu modificações radicais. O horizonte expandiu-se das vilas agrícolas medievais para as cidades, onde as primeiras fábricas iniciaram o sistema de produção de manufaturas. Era o alvorecer do capitalismo, quando as jornadas excediam 15 horas diárias ou mais. Mulheres e crianças submetiam-se a condições insalubres e desumanas. Nascia a sociedade industrial. Os abusos e o tratamento injusto com a classe trabalhadora resultaram nas lutas em busca de condições mais humanitárias e no surgimento do movimento sindical.
Hoje avançamos para a sociedade de alta tecnologia, onde o capital prevalece. A informatização predomina e traz profundas alterações na organização do trabalho. A chave desse novo universo é a automação integral e a conectividade total (4ª revolução industrial). O que temos pela frente nesse cenário?
O sociólogo italiano Domenico De Masi, autor do livro “O Futuro do Trabalho”, arrisca algumas previsões, incluindo aí o teletrabalho, trabalho remoto, home office e as mais diversas formas não convencionais. Nos próximos anos, a oferta de vagas vai diminuir e a procura por emprego crescerá. Ao par disso há um aumento do subtrabalho, da precarização e um esgotamento do empreendedorismo.
As empresas, no entanto, não estão dispostas a reduzir a carga horária. A lógica de que se todos trabalhassem menos, haveria mais postos disponíveis parece não funcionar para os empregadores.
Nunca na História da Saúde foram realizados tantos e tão complexos procedimentos informatizados pelos hospitais, laboratórios e clínicas. Um exemplo é o cirurgião robótico Da Vinci, que já atua em grandes hospitais. Entretanto, paralela a essas inovações, também cresce a precarização, principalmente com a ameaça da terceirização na atividade-fim e do trabalho intermitente. Diante disso não resta outra saída senão a urgente REAÇÃO da classe trabalhadora para encararmos o desafio do futuro do trabalho no Século XXI.
Joaquim José da Silva Filho, secretário-geral do Sinsaude-SP