Não me parece menor, e por que não dizer redundante associar sempre o estratagema “negro”, a qualquer situação de desvalorização, ou de “involução”. É histórico perceber que negras e negros sempre estiveram em situação de desvantagem, e os acontecimentos da Contemporaneidade infelizmente ratificam essa assertiva, a relatora especial das Nações Unidas sobre questões de minorias nos alerta como sempre que “A pobreza tem cor no Brasil", e os negros são os mais ameaçados pela crise econômica do país, diz Rita Izsák, ela elogiou as políticas de igualdade adotadas pelo Brasil, mas alertou que essas comunidades "imploram" por resultados imediatos.
No entanto, os números revelados pela PED ( Pesquisa de Emprego e Desemprego), publicado nesta sexta-feira (18), analisando a inserção produtiva dos negros e negras no Mercado de Trabalho Metropolitano, revelam que a situação econômica da população de trabalhadores negros no contexto recente do processo de estruturação do mercado de trabalho brasileiro passou por melhorias significativas, no entanto não podemos deixar de entender que essa mesma dinâmica expressa nas relações de trabalho, os padrões vigentes das contradições racistas e sexistas da sociedade brasileira.
Segundo a PED, o rendimento do contingente de ocupados negros continua bem inferior aos não negros, o rendimento médio por hora recebido pelos negros corresponde a 76,6% dos não negros, outra questão é a distância observada com relação as taxas de desemprego, e ai podemos perceber que as mulheres negras ainda encontram-se em situação de desvantagem, já essas ocupam a maior posição na taxa de desempregados ainda mantendo-se em situação de maior vulnerabilidade em relação ao homem negro.
O que podemos perceber é que o desafios do Movimento Sindical, principalmente daqueles agentes que entendem as contradições internas da relação entre capital e trabalho, relações essas dinamizadas pelo racismo e machismo, é a cada dia tencionar com o patronato mais espaços para inserção de negras e negros, se a “pobreza e o desemprego tem cor” precisamos estrategicamente reverter a condição e a situação de desemprego pela cor. Além disso, é necessário promover sempre em todos os espaços, principalmente em épocas de crise a luta incessante de combate ao racismo.
Precisamos entender de forma efetiva que a luta de combate ao racismo é a luta de combate ao desemprego, de combate a crise, de combate ao retrocesso social e político.
Vitor Costa, secretário de Políticas Raciais do SINTEPAV-BA e da Força Sindical-BA