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O trabalho em primeiro lugar
sexta-feira, 2 de junho de 2017
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Reza a tradição cristã que Deus fez o mundo em seis dias, descansando no sétimo. Podemos tirar disso muitos ensinamentos.
O primeiro é de que o mundo só existe porque alguém o construiu. Esse alguém não é ninguém menos do que Deus. Outra lição é a de que Deus trabalha. Ou seja, sendo Deus, com todos os poderes, Ele teria condições de criar o mundo num estalar de dedos. Mas preferiu fazê-lo trabalhando por seis dias.
O trabalho como o conhecemos hoje é uma criação social, pois está condicionado à organização da sociedade, ao ordenamento jurídico do Estado, ao poder do mercado e à força dos trabalhadores para assegurar condições minimamente dignas.
Os legisladores que elaboraram a Constituição de 1988 tiveram uma preocupação efetiva com a dignidade do trabalho. No título VIII, da Ordem Social, encontramos o Artigo 193, cujo texto diz: “A ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça social”.
Mas, para que haja ordem social, bem estar e justiça social, é preciso que o trabalho seja protegido. E a melhor proteção é por meio de leis ou acordos coletivos com amparo legal.
Digo tudo isso pra retomar o tema das reformas, que são combatidas pelo sindicalismo. Não as combatemos por serem reformas, mas sim pelo que trazem de ataques, precarizações e desvalorização do trabalho. Nós temos uma visão de mundo. Essa visão é comprometida com a inclusão social. Já as reformas neoliberais pregam o oposto, ou seja, a exclusão social.
A propaganda governista – e da grande mídia aliada – alega que as reformas são modernizantes. Mas modernizam o que, se atacam a Constituição, desmontam a CLT e precarizam as condições de trabalho?
Dia 24, as Centrais e demais entidades sindicais realizaram o Ocupa Brasília, com 150 mil manifestantes na Capital. Nosso Sindicato estava lá e nossa faixa se destacava na multidão com a frase “Os direitos são a propriedade do povo”. Utilizamos essa frase tantas vezes repetida pelo saudoso advogado Aníbal Fernandes. Ou seja, sem ações de empresas, sem dinheiro no banco e com raros bens materiais, o povo se apega a seus direitos. Eles são, na prática, sua propriedade e sua segurança.
Quando um governo ataca direitos trabalhistas e previdenciários ele está, na verdade, atacando a própria Nação. Até porque trabalhador sem direitos significa Nação empobrecida, mercado interno achatado, economia decadente.
Diz o ditado que o trabalho dignifica o homem. E o trabalho, quando protegido por leis, dignifica a sociedade e o próprio País.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical