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Parcelar férias faz mal à saúde
quinta-feira, 27 de julho de 2017
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Entre os inúmeros malefícios trazidos pela Lei 13.467 (Reforma Trabalhista), o parcelamento das férias é um dos que mais causam preocupação, no que diz respeito à saúde dos trabalhadores. As férias foram incluídas na CLT, após muita luta, como forma de mitigar o impacto da desgastante rotina laboral. A necessidade de desfrutar vivências fora do mundo do trabalho é um entendimento unânime na literatura médica.
O problema é que com a nova Lei será possível, através de acordo entre as partes, dividir as férias em três etapas. Até então, era possível, em casos excepcionais, dividir as férias em dois períodos, sendo que um deles deve ter a duração de pelo menos dez dias.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) já se manifestou contra esta nova medida. Estudos comprovam que períodos curtos não se mostraram suficientes para o relaxamento das tensões. Pesquisas mostram que o desligamento psíquico costuma ser gradual e ocorre somente após pelo menos 15 dias de afastamento do local de trabalho.
O problema se agrava quando o regime de trabalho é mais intenso, como no caso dos profissionais de enfermagem. No setor da saúde há uma exigência maior não só física, quanto psíquica, com alta complexidade emocional. Ao fracionar em três o período de descanso muitos trabalhadores não conseguirão se desligar do trabalho e relaxar. A previsão é que os casos de estresse irão aumentar ainda mais e com eles o risco dos transtornos mentais, como síndrome do pânico, burnout e tantas outras. Hoje, o estresse já é a causa de entre 50% a 60% de todos os dias de trabalho perdidos.
Dessa maneira, constata-se que a Reforma Trabalhista não irá trazer somente prejuízos econômicos para os trabalhadores, como também irá agravar os riscos para a saúde mental da categoria.
José Lião de Almeida, presidente do Sinsaudesp