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Perdemos 100 mil empregos/ano com a montagem em vez da fabricação de veículos
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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O Brasil atingiu no fim do primeiro semestre a marca de 60 milhões de veículos fabricados. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) começou oficialmente a contagem em 1957.
A indústria demorou 32 anos para atingir 20 milhões veículos produzidos — marca conquistada em 1989. Foram precisos mais 13 anos para chegar a 40 milhões, número obtido em 2002. Menos de oito anos depois, o Brasil atinge 60 milhões.
O que deveria ser motivo de comemoração vira motivo de grande preocupação diante da importância estratégica da nossa indústria automobilística para os grandes fabricantes mundiais, que pressionam de todos os lados, com lobbies fortíssimos, inclusive em Brasília, para transformar o Brasil numa grande montadora, em vez de manter o status, que tínhamos até recentemente, de fabricantes de veículos.
A grande diferença é que ao nos tornarmos apenas montadoras, excluímos as empresas fabricantes de autopeças e de ferramentarias, jogando no lixo mais de cem mil empregos diretos no setor metalúrgico, por ano, com grande incidência aqui no Grande ABC e, em especial, em Santo André.
No país, a cadeia produtiva de ferramentaria da indústria automobilística emprega cerca de 423 mil trabalhadores. Estes postos estão ameaçados pela política de abertura ampla e irrestrita do mercado brasileiro, que vem incentivando um ‘aumento desenfreado nas importações praticadas principalmente pela indústria automobilística’.
Conforme o presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), Devanir Brichesi, em decorrência do crescimento das importações, o setor deixou de produzir cerca de um milhão de toneladas, apenas nos últimos três anos.
O Brasil é o quinto país em comercialização de automóveis, porém aparece em 10° lugar na lista dos maiores produtores de veículos no mundo. Temos um mercado com grandes possibilidades de expansão com 136 veículos para cada 1 mil habitantes. Nos Estados Unidos são 461 veículos por mil e na Inglaterra 457 por mil, ou seja, um mercado no limite da saturação e que possibilita, apenas, a renovação da frota.
Por isso, as grandes fabricantes mundiais querem transformar o Brasil num grande parque de montagem de veículos, trazendo suas peças e montando os carros aqui, transformando o Brasil no quintal de expansão de sua indústria. Reduzindo os investimentos e a geração de empregos locais.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá