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Plantar boa semente para colher bom fruto no futuro
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
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Estou preocupado com as futuras gerações que vão entrar no mercado de trabalho. Dia 10 de outubro foi o dia de Prevenção de Saúde e Segurança nas escolas do Brasil. A data ainda não é tão conhecida como seria desejável para que uma efetiva prevenção estivesse em curso.
Esse fato é apenas um termômetro.
Há outros fatores que alimentam uma preocupação que não existe apenas no campo das ideias. Está fundamentada em situações concretas. A tendência de aumento da lucratividade que sustenta o sistema capitalista interfere diretamente na organização do trabalho, metas cada vez mais abusivas, a concorrência por vagas regidas pela CLT traz apenas uma certeza: quem está empregado sabe que está destinado a perder o emprego.
Essa pressão muito bem feita e aproveitada pelas empresas leva as pessoas a um processo danoso de auto-aceleração e institui uma competição perversa desunindo aqueles que se estivessem unidos teriam pontos de apoio para enfrentar as dificuldades oriundas do trabalho. Esse panorama resulta num conjunto de fatores que se leva ao sofrimento psíquico derivado do trabalho. Um processo que só tende a se agravar.
Há outros pontos: o desenvolvimento de novas tecnologias que, numa primeira ilusão deveriam servir para amenizar a carga de trabalho e reduzir risco, em vez disso, acabam por trazer novos e desconhecidos riscos. Essas tecnologias passam direto das pranchetas e são implantadas sem que a pesquisa relativa à saúde de quem trabalha seja feita e considerada. Não são feitos e muito menos implantados dispositivos de proteção coletiva antes de iniciar os processos de fabricação. Em relação a substâncias químicas todos os dias são descobertas novos compostos e colocados à venda e em processos de fabricação sem que sejam apuradas suas consequências para a saúde de quem trabalha e de quem consome.
As relações e trabalho também trazem agravantes. As novas formas de contratação trazem enfraquecimento em um sistema de proteção ao trabalho e de acesso à proteção previdenciária. Assim, as novas vagas de emprego deixam de existir na proporção que seria desejável para haver uma distorção na relação entre postulante a emprego e o número de vagas. Menos trabalhadores CLT, menos força para negociar, menor poder e menos conquistas. Assim, um jovem ao se formar, pretende uma coloção e encontra trabalho, mas não um emprego seguro. Essa forma de contratação não garante seu futuro.
Ronda ainda uma nova ameaça que é a ampliação da terceirização para serviços de toda natureza nas empresas. Essa medida, se aprovada, enfraquece e torna praticamente sem efeito a CLT e com ela a legislação relativa à Segurança do Trabalho em seu capitulo V, além de criar uma correlação de forças absolutamente desfavorável aos trabalhadores. Como reivindicar melhores condições de trabalho nesse quadro?
Qual o nosso papel nesse panorama?
Cuidar das relações de trabalho hoje. Começar hoje para que os jovens encontrem um mundo do trabalho melhor.
Uma divulgação maior dos nomes das empresas que adoecem e matam os trabalhadores cobrando suas responsabilidades. Que as estatísticas de acidentes sejam conhecidas integralmente pelo grande público dando “nomes aos bois”.
Que a mídia venha a divulgar os acidentes, doenças e também informe que há estratégias de prevenção.
Nas escolas, a começar dos primeiros anos de ensino, seja abordada a prevenção de doenças e de acidentes no trabalho.
E principalmente que as empresa de fato institua uma política de saúde do trabalhador, e cumpra a legislação implantando medidas para eliminar os riscos de acidente e doenças no ambiente de trabalho.
Que o lucro não seja mais importante que o homem.
João Donizeti Scaboli,
Diretor do Departamento de Saúde do Trabalhador da Fequimfar
Segundo Secretário de Saúde e Segurança do Trabalho da Força Sindical
Conselho Nacional de Saúde representando a Força Sindical
Conselho Curador da Fundacentro representado a Força Sindical