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Reajustes salariais superiores à inflação confrontam o pessimismo empresarial
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou na quinta-feira última (21/08) o balanço das negociações dos reajustes salariais do primeiro semestre de 2014, e os resultados positivos confrontam o pessimismo predominante no discurso das entidades representativas do empresariado nacional. De forma bastante clara, 93,2% das 340 unidades de negociação de todo Brasil conquistaram reajustes salariais superiores ao INPC-IBGE. A maioria dos reajustes alcançou ganhos reais de até 3%, com maior ocorrência na faixa de aumento real entre 1% e 2% acima da inflação. Tendo ainda em vista as 340 unidades de negociação, cerca de 4% obtiveram reajustes iguais ao INPC e apenas 3% com reajustes abaixo do índice.
Em 2013, o aumento real médio destas mesmas 340 negociações do 1º semestre foi de 1,08%, enquanto que em 2014, surpreendentemente, foi de 1,54%. Não somos levianos com a atual conjuntura adversa da indústria nacional expressa, por exemplo, pela desaceleração dos indicadores de produção física e utilização da capacidade instalada. Entretanto, sabemos também que historicamente é no segundo semestre que a atividade econômica do país ganha força e que as categorias com data-base neste período impulsionam o aumento real médio do balanço geral para cima. Torna-se assim importante examinar os resultados recentes à luz dos dados setoriais.
Das unidades de negociação mencionadas, 156 ocorreram no setor industrial e dentre estas 92,9% conquistaram reajustes salariais acima da inflação, com um ganho real médio de 1,55%. Nas 11 negociações do segmento químico e farmacêutico ocorridas pelo Brasil, o aumento real médio foi de 1,08%. No comércio foram consideradas 46 negociações, sendo que 95,7% obtiveram aumentos superiores à inflação e ganho real médio de 1,57%. Por fim, no setor de serviços, 92,8% das 138 unidades de negociação alcançaram reajustes acima do índice inflacionário e ganho real médio de 1,51%. Ou seja, as previsões pessimistas de desaceleração da economia e as revisões para baixo de crescimento do PIB não impactaram sobre os reajustes salariais.
Encontramos explicação para este fenômeno no baixo nível de desemprego da economia; por exemplo, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED-MTE), no acumulado de janeiro a julho de 2014 no Brasil, o setores químicos, fertilizantes, cosméticos, farmacêuticos e plásticos, geraram juntos 9.268 novos postos de trabalho formais. Outro elemento que deve ser ponderado no sucesso dos trabalhadores em suas conquistas de ganhos reais neste primeiro semestre se encontra nos patamares da inflação. Diferente do que foi alardeado pela grande mídia, a expectativa de descontrole inflacionário não se verificou. As atuais estimativas do Banco Central para inflação em 2014 apontam para um índice dentro das metas estabelecidas pelo governo. Desta forma, por mais adversa e complicada que se coloque por parte do empresariado a conjuntura econômica e política do país em ano eleitoral, trabalharemos com força, disposição e ânimo renovado para que as negociações salariais do segundo semestre de 2014 ao menos se espelhem nos patamares de ganhos reais alcançados pelos reajustes do início do ano presente.
Sergio Luiz Leite, presidente da FEQUIMFAR