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Recessão e desemprego
sexta-feira, 8 de abril de 2016
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Para os trabalhadores a pior consequência da recessão é o desemprego que os atinge diretamente e aumenta as dificuldades para a ação sindical constrangida a ser quase exclusivamente defensiva.
O desemprego faz que os trabalhadores quase regridam ao estado bruto de selvageria e transforma a vida dos desempregados, tornando-a “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”, nas palavras de Hobbes, filósofo inglês do século XVII.
Para o movimento sindical, portanto, a luta contra o desemprego é a tarefa número zero. Uma vantagem estratégica é a de que, historicamente e estatisticamente, os trabalhadores sindicalizados resistem mais e melhor à recessão e ao desemprego. Depois de uma onda de demissões, a taxa de sindicalização entre os empregados chega a aumentar.
A atual recessão tem como características fortes a sua intensidade, a generalidade com que afeta a todos, o seu prolongamento demorado e a sua não homogeneidade (porque seus efeitos não se manifestam igualmente em relação aos agentes econômicos, aos trabalhadores, aos setores produtivos, às regiões do Brasil e às cidades, capitais, grandes e pequenas).
Quero acrescentar duas outras características.
A primeira delas é a avassaladora intromissão da crise política sobre a postura empresarial de viver e de enfrentar a recessão. Enquanto os trabalhadores resistem apreensivos ao agravamento recessivo, os empresários, presa fácil de uma ideologia golpista, excludente e oportunista, mergulham de corpo e alma na aventura do impedimento presidencial, contrariando, no fim das contas, seus próprios interesses materiais. Há, ao invés de economicismo, um politicismo empresarial desvairado, porque não percebem que, com impedimento ou sem ele, o Brasil vai continuar precisando de Estado social forte, investimento público, distribuição de renda e produtividade para que ganhem dinheiro sem rentismo.
Uma outra característica da atual recessão é a de que, apesar de sua intensidade, generalização, prolongamento, diferenciação e histeria do empresariado, não se produziu ainda uma crise social aguda (derrubada de grades de palácios, assaltos a supermercados, explosões sociais de ira etc) como em outras recessões recentes. Dois fatos explicam isto: o “colchão” social ainda existente e constituído nos anos de bonança e a apreensão dos trabalhadores, que não os excita, mas lhes dá uma racionalidade que tem faltado às classes médias e aos empresários.
João Guilherme, consultor sindical