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Reconhecimento
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
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Os escravos negros do Brasil gritavam por liberdade no ano de 1888. Liberdade de poder decidir sobre os rumos das próprias vidas e liberdade de serem reconhecidos como povo com história, cultura e espaço na sociedade.
A liberdade veio com a Lei Áurea que aboliu a escravidão e não os negros. Esses passaram a viver marginalizados na sociedade da época. Ainda hoje, os descendentes dos escravos brasileiros carregam marcas desse período de rejeição da minoria burguesa e também do governo.
Depois de 124 anos, apesar de todo o trabalho e abertura nos espaços públicos e instituições ainda é nítido que a questão do negro é reprimida no país. Não há resultado pleno de igualdade racial. O negro, por vezes, tem que fingir para a sociedade que não está sendo discriminado.
Eu, como representante de uma categoria formada por maioria de homens, negra e mulher ainda tenho que reafirmar que somos capazes de desenvolver um trabalho igual ou tão bom como qualquer pessoa.
O país não conseguiu criar mecanismos efetivos para acabar com a desigualdade racial. Por isso, acredito que devemos fazer muito mais ações unificadas e estabelecer uma agenda que coloque esse tema como prioridade.
Na Secretária de Políticas Raciais e Étnicas da Força Sindical, da qual faço parte, participei de apenas dois eventos. Isso é pouco. É preciso que se fomentem discussões sobre a condição dos negros no Brasil e que valorizemos os personagens que conseguem destaque na sociedade.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, tem que ser reconhecido como exemplo pela postura, ética e credibilidade com que conduz o seu trabalho. A vereadora eleita em Santa Rita do Sapucaí, com apoio do Sindicato, Cibele, tem que ser reconhecida por ter colocado não só a questão dos negros como também a das mulheres na campanha eleitoral.
Por fim, nunca devemos nos esquecer de Zumbi dos Palmares que foi uma das primeiras vozes a gritar por nossa liberdade e nortear o pensamento de luta de todo um povo. A voz de Zumbi ecoa em cada negro que levanta a cabeça e se coloca como protagonista de sua história.
Maria Rosângela Lopes, presidente do Sindvas