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Redução da jornada de trabalho
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
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A campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, lançada pelas centrais sindicais, que pretende coletar mais de um milhão de assinaturas e depois encaminhá-las para o Congresso Nacional, é de extrema importância.
Vários Sindicatos abraçaram esta causa, e nós, do Sindicato dos Gráficos já fomos pra rua coletar assinaturas desde o último dia 6 de fevereiro.
Em 88, quando houve a redução da jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas semanais, foi com movimentos como este, que obtivemos a vitória.
Só que naquela época, verificou-se o crescimento exagerado de execução de horas extras, frustrando a expectativa de geração de novos postos de trabalho.
A redução da jornada de trabalho sem redução de salários e o fim das horas extras são medidas significativas para minimizar o problema do desemprego no Brasil.
Essa redução teria a capacidade de gerar aproximadamente 2,2 milhões de postos de trabalho. Em 2005, a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), divulgou que mais de 22 milhões de trabalhadores com carteira assinada no Brasil tinham jornada de 44 horas semanais. Caso fosse de 40 horas semanais, 4 horas de cada trabalhador estariam disponíveis para os trabalhadores desempregados. Seria possível empregar mais de 2 milhões de trabalhadores para as mais de 89 milhões de horas que ficariam disponíveis.
Também temos que considerar que a redução de horas e o fim das horas extras trariam vários benefícios para o trabalhador, como um tempo maior com a família, tempo para o estudo e descanso; melhor desempenho profissional e conseqüentemente o aumento da produtividade no trabalho.
Cabe ressaltar que nos meados no século XX, um trabalhador dentro de uma gráfica comentou com outro companheiro: por que a gente trabalha de sol a sol? Esta era a jornada de trabalho que existia no Brasil. Clareou o dia, o empregado estava na porta da empresa, quando escurecia estava saindo dela.
Os trabalhadores tinham uma jornada de trabalho de 16 a 18 horas. O maluco continuou indagando: por a gente não trabalha apenas 8 horas? Por que não acompanhamos a luta dos companheiros que morreram em Chicago, mas alcançaram grandes benefícios?
A partir desse questionamento, iniciou-se um processo histórico para o movimento operário e também para a sociedade brasileira.
Começou uma trajetória de luta no ano de 1923, encabeçada pelos líderes sindicais gráficos, através de uma greve que durou 42 dias, que culminou com o primeiro contrato coletivo de trabalho com jornada de 8 horas diárias, inédito no Brasil.
O salário mínimo, férias e o amparo social ao idoso também foram conquistados pelos trabalhadores gráficos, através dessa greve.
Quando contemplo a batalha histórica dos dirigentes sindicais gráficos e vejo o que construímos, começo a pensar: e hoje, o que estamos fazendo?
No processo de conquistas para a classe operária no Brasil, posso afirmar que ainda estamos engatinhando. Tem muita briga para ser travada, para proporcionarmos uma qualidade de vida melhor para nossa família e conseqüentemente melhorar o país. A luta só está começando.
Marcio Vasconcelos – Presidente do Sindicato dos Gráficos – SP