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Reduzir jornada gera empregos
terça-feira, 24 de junho de 2008
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A redução de 44 horas pra 40 horas trabalhadas semanais é um dos assuntos que toda a classe trabalhadora organizada está empenhada em conquistar. Isso vai gerar mais empregos, fará a inclusão social, aumentará a oportunidade para mais pessoas se beneficiarem da distribuição da renda, melhorará a qualidade de vida, aumentará o consumo, os investimentos, a produção e será a responsável pelo crescimento econômico e social.
Quando o trabalhador enfrenta longas jornadas no emprego, passa a ter dificuldade no convívio social e familiar. Crescem os problemas com a saúde, a quantidade de acidentes de trabalho e inibe a criação de emprego.
Aproximadamente 40% dos trabalhadores fazem hora extra no Brasil. Muitas vezes, em certos períodos econômicos, as empresas ao invés de aumentar o emprego obrigavam seus trabalhadores a fazer hora extra. Por isso, nem sempre crescimento econômico significa geração de empregos. Não há como pensarmos em uma coisa tendo em vista a outra.
O custo dos salários no Brasil é um dos mais baixos do mundo. Em 1990, a indústria automobilística brasileira produzia 914.466 veículos empregando 138.374 pessoas. Isso dá uma produção de 6,6 veículos por funcionário. Em 2006, essa mesma indústria produziu 2.611.034 unidades, empregando 106.350 pessoas, com uma média de 24,5 veículos por empregado. A produtividade quadruplicou.
Nos últimos anos a vinda de novas tecnologias e outras formas gerenciais introduzidas trouxeram aumento significativo no ritmo de trabalho. Aumentou o tempo com o transporte, cada vez mais caótico e não só nas grandes cidades. Houve a obrigatoriedade de se fazer cursos de qualificação fora da jornada de trabalho, caso contrário o operário ficaria de fora do mercado.
Reduzir para 40 horas semanais não é um absurdo. Nossa vizinha Argentina trabalha 39,2 horas semanais. O Canadá trabalha 31,9 horas semanais. A Itália trabalha 38,2 horas. A Espanha 35,7.
A redução gerará automaticamente 1.800.000 novos postos de trabalho. No país o fim das horas extras criaria cerca de 1 milhão de novos empregos, ou seja, teríamos 2.800.000 postos de trabalho. Desde fevereiro sindicalistas coletaram assinaturas para o abaixo-assinado que foi entregue dia 3 de junho ao presidente da Câmara Federal. Realizamos greves, pequenas paralisações, passeatas e fechamentos de pontes. Foram recolhidos 1,5 milhão de assinaturas de apoio à emenda da redução da semana de trabalho, pela aprovação das convenções 151 (cria a data-base dos servidores públicos) e 158 (impede a demissão sem motivo) da Organização Internacional do Trabalho. Importante: temos de reduzir as horas sem perda nenhuma nos salários. Essa será uma conquista da classe trabalhadora, como foi no passado a regulamentação da jornada de trabalho pelo governo Getúlio Vargas. Temos, enfim, de olhar sempre para a frente.
Eleno Bezerra é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM)