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Reforma da Previdência castiga a dignidade do trabalhador
quarta-feira, 15 de março de 2017
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O governo diz que a Previdência Social sofre de um rombo alarmante, o que impulsionou a elaboração de uma reforma para esta; a qual não há nenhuma possibilidade de beneficiar o trabalhador, ao contrário, o que vejo são medidas que prejudicam a sociedade brasileira de maneira geral.
Dentre os itens apresentados, o principal é a instauração de uma idade mínima para se aposentar: 65 anos, tanto para homens, quanto para mulheres. A idade escolhida é irreal, significa dizer ao trabalhador que ele precisará vender sua mão de obra por tantos anos que, talvez, nem possa usufruir do benefício pelo qual pagou a vida toda.
Muitos são os argumentos que demonstram o erro ao impor uma idade mínima bastante elevada, a expectativa de vida em alguns estados, por exemplo, é próxima dos 65 anos; certas atividades exigem do trabalhador não apenas o uso do intelecto, mas sua força corporal e, então, o brasileiro chegará a essa idade com a saúde necessária para desempenhar suas funções? Ou isso fará com que ele adoeça ainda mais cedo e perca seu sustento?
Aos que pensam que alcançar os 65 anos de idade será suficiente para sobreviver com dignidade, lamento fundamentar que não, além da idade mínima, ainda será necessário contribuir por 49 anos para se aposentar de maneira integral. Pela proposta, o valor da aposentadoria corresponderá a 51% da média das remunerações do trabalhador, a cada ano de contribuição 1% é acrescido, até o limite de 100%. Além disso, o salário ainda deve respeitar o teto do Regime Geral de Previdência Social (atualmente de R$ 5. 189,82).
A verdade é que ficará muito difícil conseguir se aposentar, baseando-se nessas propostas. Digamos que ainda assim, o trabalhador brasileiro consiga a duras penas cumprir o necessário para se aposentar, o mercado de trabalhado está preparado para absorver esse índice elevadíssimo de pessoas em idade apta para o trabalho?
Parece-me que a única preocupação do governo, ao formular a proposta de reforma da previdência, é o equilíbrio financeiro e com isso, se esquece de que a Previdência Social é um direito humano fundamental, que deveria garantir a subsistência do trabalhador, de maneira digna, enquanto tudo que essa proposta apresenta é injustiça e indignidade aos seres humanos.
Milton de Araújo, presidente do Sindicato dos Comerciários de Jundiaí