A expressão é de Machado de Assis e descreve bem as atitudes do presidente Bolsonaro em relação aos trabalhadores, às relações de trabalho e ao movimento sindical.
Desde o primeiro dia de seu governo e mesmo antes, é uma mistura de desconhecimento, de desprezo e de ojeriza que produz constantemente palavras e atos agressivos e lesivos no mundo do trabalho.
Inaugurou o seu mandato com a extinção do ministério do Trabalho, não respondeu até hoje à carta institucional das centrais sindicais, eliminou o ganho real do salário mínimo, convive com um desemprego aterrador e tem produzido atos capazes de agravar ainda mais a vida dos trabalhadores, desorganizar as relações de trabalho e agredir os sindicatos.
Deve-se registrar que muitos deles têm tido o apoio, aquiescência e a cumplicidade do Congresso Nacional, contaminado pelo neoliberalismo avassalador.
Um novo capítulo espantoso escreveu-se nos últimos dias com a recriação do ministério do Trabalho, entregue a um acólito para acomodar no governo um líder do Centrão, sem o reconhecimento formal do erro absurdo da extinção intempestiva.
Não bastasse a motivação politiqueira que está longe de atender às necessidades de criação de empregos, de regularizar as pervertidas relações do trabalho e de reconhecer o papel dos sindicatos, o destino do novo ministério tem prazo de validade menor que de um iogurte, segundo informações da mídia.
As centrais sindicais (que sempre criticaram a extinção), ao mesmo tempo em que avaliam a recriação do ministério devem unitariamente apresentar uma pauta de exigências e de reivindicações que balizem a atuação do novo órgão de governo e se vacinar contra o atordoamento deste novo saco de espantos.
João Guilherme Vargas Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo