Todos os assalariados brasileiros, de certa forma, recebem salário mínimo. Melhor dizendo, têm a renda referenciada no salário mínimo. Isso vale para o contratado em Carteira e também para o mensalista informal.
Vamos aos números do professor e economista Eduardo Fagnani, da Unicamp: 23 milhões de aposentados/pensionistas urbanos pelo INSS; 12 milhões de aposentados/pensionistas rurais; sete milhões que recebem Benefício Continuado de Prestação; cinco milhões no seguro-desemprego. E mais: 30 milhões de assalariados que ganham um mínimo por mês.
Essa soma dá quase 80 milhões de brasileiros, de todas as idades, nas mais variadas regiões do País, sejam ativos ou inativos.
Por que essa numeralha chama atenção? Porque dia 20 o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, especulou a possibilidade de desvincular salário mínimo de inflação. Portanto, em vez de repor a inflação acumulada, o mínimo (e todos os demais benefícios citados) dependeria de uma inflação futura, incerta.
Essa solução – defendida pelo “posto Ipiranga” de Bolsonaro – é cópia da política salarial da ditadura. Aquela política aumentou a concentração de renda e esparramou miséria na base social.
Dois episódios da época revelam o que era o mínimo desvinculado da inflação. 1) Numa de suas visitas públicas, um garoto se aproximou do General Figueiredo e perguntou o que ele faria se ganhasse salário mínimo. Figueiredo: – Daria um tiro na cabeça! 2) Numa feira de Zebu, vieram com um touro-anão e o povo logo o apelidou de “salário mínimo”.
A proposta de Paulo Guedes gerou forte reação popular e ganhou as redes sociais no final de semana. O Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical lançou Nota de repúdio, imediatamente. E dirigentes de diversas entidades gravaram vídeos ou publicaram Notas contra a ideia nefasta.
Parte da elite brasileira odeia o salário mínimo. Madames preferem gastar os tubos em salões de beleza do que pagar o mínimo à empregada. Patrões trogloditas querem baixar o mínimo porque assim também jogam pra baixo os Pisos das categorias. E o governo economiza no pagamento de benefícios previdenciários pra doentes, acidentados e idosos.
Dia 30 – Domingo tem eleição e você é livre pra escolher. É meu dever registrar que nos anos Lula-Dilma o salário mínimo aumentou 73% acima da inflação. No governo Bolsonaro, zero. O salário mínimo tem caráter alimentar. Ou seja, dependendo do seu valor, as pessoas comem mais, comem menos ou comem nada.
Se você acha normal gente passar fome num País tão farto como o nosso fique à vontade: vote no presidente que aí está, no que diz “pintou um clima” frente a crianças vulneráveis, no que retardou a vacina contra a Covid-19, no que não sabe como esconder o bandido Jefferson, seu amigo do peito.
Josinaldo José de Barros (Cabeça)
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região