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Santa Casa de SP, uma tragédia anunciada
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
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O drama vivido hoje pelos 11 mil trabalhadores e milhares de pacientes da Santa Casa de São Paulo é uma tragédia anunciada. Há pelo menos duas décadas o SinSaudeSP acompanha com apreensão e tem lutado contra as irregularidades cometidas pela gestão desta entidade secular. Em 2007, o Sindicato abriu um processo para apurar a legalidade da terceirização de mão de obra realizada na instituição, em contrato feito com a empresa Dalkia, que atingiu 1,4 mil funcionários. Já era um indício da crise atual!
Desde o fechamento do Pronto Socorro do Hospital por 30 horas, em julho último, sabia-se que algo muito grave estava acontecendo. Agora, uma auditoria descobriu que a dívida da entidade chega a quase R$ 800 milhões, praticamente o dobro do que havia sido divulgado há três meses. Como isso pôde acontecer?
A contabilidade dos hospitais é uma verdadeira caixa preta. Mas a caixa preta da Santa Casa de SP supera qualquer expectativa. Os problemas administrativos saltam aos olhos e indicam fraudes sem precedentes nas contas da Irmandade, que teve seu patrimônio reduzido de R$ 220 milhões para R$ 323 mil, entre 2009 a 2013. Foi apurado que na época do fechamento do Pronto Socorro a entidade retinha em caixa aplicações financeiras num total de R$ 6,4 milhões. Tal numerário poderia ser resgatado a qualquer momento. Mesmo assim, a administração do hospital tomou uma atitude extrema, deixando milhares sem atendimento, só para obter mais recursos da Secretaria da Saúde. A Secretaria cedeu à pressão e liberou R$ 3 milhões, condicionando esta liberação à realização da auditoria, que agora revela todo o descalabro da situação.
O SinSaudeSP tentou por várias vezes evitar o pior e denunciou a crise, sabendo que ela iria atingir os trabalhares. Exigimos condicionar a liberação de mais verbas à garantia de que os postos de trabalho seriam mantidos. Mas estamos mobilizados e vamos continuar lutando para que esta crise não continue prejudicando exatamente aqueles que mais trabalham para manter de pé as instituições de saúde. Vamos exigir das autoridades que qualquer verba a ser liberada daqui por diante para a Santa Casa de SP esteja condicionada ao pagamento dos funcionários e à manutenção dos postos de trabalho.
José Lião de Almeida, presidente do SINSAUDESP