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Todos são grupo de risco!
quarta-feira, 8 de abril de 2020
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Um bebê de três meses, uma jovem grávida, um médico de 31 anos. O coronavírus matou os três. Já no Paraná, uma mulher de 91 anos se salvou, após ficar vários dias na UTI. No Estado de São Paulo, o caso mais notório é o do médico infectologista David Uip, que foi contaminado, ficou no isolamento e volta, aos poucos, a comandar o Centro de combate à pandemia.
Esses casos desmontam o discurso de que a Covid-19 só atinge grupos de riscos. Ou seja, só é perigosa pra pessoas acima de 60 anos ou portadores de doenças cardiológicas, renais, diabetes, pressão alta, entre outras. Na verdade, grupo de risco somos todos nós.
Diante desse quadro, é correta a decisão do governador Dória de estender a quarentena até 22 de abril. Sua intenção é chegar ao dia 22 com um panorama mais claro da pandemia. Daí, ele pode prolongar o resguardo ou adotar o isolamento vertical, acompanhado de outras medidas das autoridades médicas.
No momento em que escrevo este texto, o Brasil conta 12.056 casos de contaminação e 553 mortos pelo coronavírus. O número real, porém, parece maior, pois aqui não se fez ainda testes em massa e muitas mortes não tiveram a causa identificada, devido à demora nos exames e à carência na rede de saúde.
É grave também a incerteza quanto à permanência do médico Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e no comando do enfrentamento à pandemia. Mandetta defende o isolamento e tem apoio da opinião pública. O Data Folha mostra que 76% das pessoas apoiam o isolamento horizontal.
Infelizmente, a posição sensata do dr. Luiz Henrique Mandetta desagradou a vaidade do Presidente da República, que se sente incomodado com o prestígio do ministro ser o dobro da sua avaliação positiva. Tomado pela inveja, ele tenta fritar ou demitir o ministro.
Mas Bolsonaro fica cada vez mais solitário na defesa insana da liberação do comércio e da indústria. Até seu guru, Donald Trump, largou a teimosia e adotou as recomendações das autoridades de saúde. Na noite de anteontem, os Estados Unidos contavam 347 mil infectados e 10.335 mortes.
Sindicalismo – A posição das Centrais e demais entidades é seguir a Organização Mundial de Saúde e manter o isolamento. E várias entidades estão oferecendo imóveis (hotel, colônias de férias, subsedes etc.) para as autoridades da saúde, a fim de ampliar os leitos ou servir de apoio a familiares de doentes.
Solidariedade – O mundo vive uma ameaça dramática. Todos devem se prevenir e ter paciência para o período de isolamento. Com isso, além de reduzir os riscos de contrair a Covid-19, estaremos evitando uma sobrecarga exagerada para os profissionais de saúde e a rede pública.
Não se iluda: o isolamento é o melhor meio de estancar o avanço da pandemia. A economia sofrerá forte abalo, é verdade. Mas depois, com união e força de vontade, nós superaremos tudo isso e poderemos celebrar a vida.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical