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Trabalhadores punidos mais uma vez
terça-feira, 20 de março de 2018
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Mais vez uma Santa Catarina sente na pele o desmonte do agronegócio e milhares de trabalhadores da indústria sofrem com a insegurança do mercado.
Novamente uma empresa consolidada internacionalmente sofre uma investigação e ao invés de punir os envolvidos, acabam por punir o negócio como um todo.
Aconteceu a mesma coisa com a Operação Carne Fraca. As empresas BRF e JBS foram engolidas por investigações da Polícia Federal sobre fraudes no controle sanitário dos frigoríficos e o desdobramento não foi condenar os fraudadores, foi assistir o cancelamento de contratos de exportação, que somam 40% da saída de frango e suíno do país para o comércio estrangeiro.
De forma sensacionalista, a PF e o Ministério Público deveriam penalizar única e exclusivamente os executivos e técnicos que visavam maximizar o lucro, o que não fizeram. Diante de tamanho escândalo o mercado internacional fechou as portas para o produto brasileiro instantaneamente, obrigando inclusive a JBS a também acabar com frigoríficos no estado, assim como pode acontecer com a BRF.
O agronegócio que deixou SC longe da crise vive pelo segundo ano consecutivo a própria crise. O estado vai amargar o boicote aos frutos produzidos em Concórdia, Chapecó e Capinzal. Só no ano passado o lucro dessas exportações chegou a US$ 22 milhões.
O impacto é imediato. O pátio da BRF em Chapecó estava lotado de caminhões carregados de produtos que iriam embarcar para a Europa. Sem espaço para armazenar tanta carne, os produtos devem ter os valores reduzidos drasticamente e ainda não se sabe se o mercado interno conseguirá absorver tal demanda.
Além disso, a reação é em cadeia. O abate não pode ser suspenso imediatamente, pois é o ciclo do animal, agravando a situação num efeito dominó.
Mas o importante é apenas haver uma suspensão e não o término da produção ou o fechamento da indústria que tanto gera empregos, aproximadamente 100 mil trabalhadores diretos.
Somos a favor das investigações e da punição dos envolvidos, mas acreditamos que não é preciso tanto estardalhaço, que visam apenas alimentar o ego e a credibilidade desses órgãos.
Outra fragilidade do Brasil é a falta de habilidade do Governo em lidar com tais problemas. A final, depois do embargo à carne catarinense, foram os próprios empresários da JBS que conquistaram o mercado novamente, se comprometendo na melhoria da produção e baixos preços.
E quando diminuiu a receita, reduz também o lucro em impostos para o país.
Estamos aqui de prontidão, buscando manter os postos de trabalho e torcendo para que a BRF não tenha que fazer o mesmo que a JBS, fechar unidades no estado e demitir centenas de trabalhadores catarinenses.
Osvaldo Mafra
Presidente da Força Sindical SC