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Trabalho, capital e Pátria
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
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Reza a tradição cristã que Deus fez o mundo em seis dias, descansando no sétimo. Isso nos enseja muitas lições.
Primeira lição é a de que o trabalho tem mais que um caráter humano – o trabalho tem algo de divino. Ou seja, até mesmo Deus, um Ser de poderes plenos, trabalha. Trabalha, mas descansa.
A Constituição brasileira, no Artigo 1º, diz: “A República Federativa do Brasil tem como fundamentos: I) A soberania; II) A cidadania; III) A dignidade humana; IV) Os valores do trabalho e da livre iniciativa”. Observe que os deputados e senadores constituintes, no item IV, põem primeiro “os valores do trabalho” antes da “livre iniciativa”.
Lamento que os atuais legisladores, a serviço do grande capital, aprovaram uma lei draconiana, que agride os trabalhadores, afeta as entidades sindicais e enfraquece a Justiça do Trabalho. A lógica é precarizar o trabalho, estabelecendo a força nas relações entre quem vende e quem compra mão de obra.
Exemplo disso está na primeira página da Folha de S.Paulo da terça (3), que diz: “A reforma trabalhista frustrou empresários e investidores americanos reunidos em Nova York”. Um dos novos escravagistas não se conteve: “Então, quer dizer que AINDA não vamos poder reduzir salários? Isso é a coisa mais anticapitalista que existe!”
Digo isso porque neste segundo semestre acontecem dois fatos dos mais importantes para a classe trabalhadora. O primeiro são as campanhas salariais de grandes categorias – bancários, metalúrgicos, químicos, comerciários etc. O segundo é a entrada em vigor, dia 11 de novembro, da nova lei trabalhista.
No caso dos metalúrgicos, já começamos a negociar com o patronato. A negociação tem dois objetivos principais: 1) Manter as garantias das atuais Convenções Coletivas; 2) Aumentar os salários, incluindo os Pisos por setor e/ou tamanho de empresa.
Empresariado – Aproveito pra me dirigir ao patronato, especialmente ao empresário que vê no funcionário um parceiro de sua atividade e não só um meio de lucros. Apelo para o bom senso nas negociações, ajudando a conter o ímpeto dos que querem precarizar o trabalho e afrontar o que nossa Constituição fixa logo no seu primeiro Artigo.
A qualidade das relações capital-trabalho indica o grau de desenvolvimento de um País. Nós, capital e trabalho, não temos o direito de piorar as coisas. Ao contrário. Nosso papel é fazer a Pátria caminhar para a frente.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Facebook: www.facebook.com/PereiraMetalurgico
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br