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terça-feira, 4 de dezembro de 2018
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Quem acompanha meus escritos e me conhece sabe que o final de semana retrasado foi especial para mim, quando conquistamos, pela décima vez, o título de campeão brasileiro de futebol.
Isso mesmo. Mais uma vez, o Palmeiras me proporcionou uma grande alegria.
Fiquei na expectativa de como a imprensa descreveria esse decacampeonato.
Por isso, logo cedo, busquei as informações.
Porém, minha alegria logo esfriou. A principal manchete de todas as mídias era a de que três em cada dez brasileiros ganharam menos de um salário mínimo em 2017.
Jornais, rádios, televisões e redes sociais citaram os relatórios da ‘ong’ Oxfan Brasil intitulados ‘país estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras’.
Em vez de uma leitura aprofundada dos motivos que levaram o Palmeiras ao décimo titulo brasileiro, li detalhadamente as matérias sobre o relatório e cheguei à conclusão óbvia.
A conclusão de que não se combate bestialidade armando as camadas sociais privilegiadas. Derrota-se a violência com distribuição de renda, que ficou estagnada nos últimos dois anos.
As políticas públicas de 2002 em diante distribuíram uma pequeníssima parte da riqueza, concentrada nas mãos da elite econômica. Mas isso parou em 2016, com o congelamento dos gastos públicos.
O número de pobres em 2016 aumentou em 11% e seus ganhos diminuíram. Os dez por cento mais ricos da população, entretanto, tiveram ganhos superiores a dois por cento.
Em resumo, os pobres estão mais pobres e os ricos, mais ricos. Enquanto eu me indigno com a noticia, não percebo o mesmo entre a maioria da população.
O novo governo federal começará 2019 piorando tudo. Até agora, não vi nenhuma proposta objetivando combater esse grande crime social que é a gritante desigualdade no país.
Voltamos a ser uma das nações mais injustas do mundo. E o que se vislumbra é a diminuição do estado social, com a entrega total das nossas riquezas.
A situação ficará pior, pois as desigualdades só podem ser combatidas com um estado forte. E não com um estado mínimo, como propõe o governo eleito com 39% dos votos.
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá