O sindicalismo é uma força social internacional. Ainda recentemente, o Brasil sediou o II Congresso da IndustriALL, Federação mundial dos trabalhadores na indústria, presente nos cinco Continentes. O evento, de suma importância para o movimento sindical obreiro, também marcou o avanço das lideranças nacionais nas instâncias da entidade.
A metalúrgica Mônica Veloso, de Osasco, e da Força Sindical, foi escolhida para dirigir o Comitê de Mulheres da IndustriALL e o dirigente metalúrgico do ABC, Valter Sanches, é o novo secretário-geral, posto de maior relevância na estrutura da grande entidade internacional.
O internacionalismo reafirma sua marca em Portugal, entre os dias 12 e 16 deste mês, com dois eventos do sindicalismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. De 12 a 13, acontece o 2º Encontro de Mulheres. Nos dias seguintes, Lisboa sedia o VIII Congresso da Comunidade Sindical dos Países de Língua Portuguesa. Representarei o Brasil, como já fiz em encontros anteriores, sempre muito proveitosos.
Além das questões femininas ligadas ao mundo do trabalho, o evento debaterá os fluxos migratórios nas nações da Comunidade, buscando garantir a plena cidadania aos migrantes, incluindo o direito de participarem de entidades de classe.
O debate abstrato não é garantia de avanços. Para tanto, o sindicalismo se empenha em construir meios de exercer seu papel. Entre esses meios, estão as chamadas redes, que agregam dirigentes de diferentes países unidos para assegurar trabalho decente em empresas multinacionais – seja na matriz, seja nas filiais. As redes são fenômeno recente do sindicalismo, mas vêm demonstrando muita eficácia no combate a abusos contra trabalhadores e suas entidades.
Certamente, haverá muito questionamento acerca da situação atual do Brasil. Afinal, formamos o maior contingente de pessoas que fala o Português, afora o fato de sermos a principal força econômica da Comunidade. Os ataques que os trabalhadores brasileiros estão sofrendo – seja pela perda do emprego, pelo arrocho salarial ou por meio de reformas neoliberais – são do conhecimento do sindicalismo mundial. Farei um relato concreto sobre o que se passa em nosso País, certo de que essa onda conservadora merecerá o repúdio do VIII Congresso.
Tais eventos, entre países coirmãos, unidos pela Língua Portuguesa, são também oportunidade de estreitamento dos laços culturais entre os povos de mesma matriz linguística. Brasil, Angola, Portugal, Moçambique, Macau, Timor Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Thomé e Príncipe formam uma enorme Comunidade, com grande variedade étnica, mas problemas parecidos. Todos esses povos buscam sua soberania, por meio do crescimento econômico e afirmação política, jurídica e cultural.
A classe trabalhadora dos países dessa Comunidade, ao realizar o 2º Encontro de Mulheres e o VIII Congresso, mostra que quer ser protagonista desse processo, rumo ao progresso e à justiça social.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região