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Um medonho tsunami político
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
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O Brasil está na placa tectônica que engloba todos os países da América do Sul. Com 32 milhões de quilômetros quadrados, a placa se estende a leste até a dorsal mesoatlântica.
O Brasil fica no meio da dita-cuja. Por isso, é pouco afetado por terremotos, vulcões e tsunamis, as grandes ondas geradas por movimentos das placas tectônicas.
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais mostra, no entanto, que o país foi varrido por um gigantesco tsunami político chamado Jair Bolsonaro.
O fenômeno destruidor resulta do movimento da nova placa tectônica, batizada de partido social liberal (PSL). Seu candidato a presidente teve 46% dos votos válidos, exatamente 49.276.896.
Fernando Haddad (PT), o segundo colocado, teve 29,3% dos votos válidos, ou seja, 31.341.996. Os dois se enfrentarão em segundo turno no dia 28 deste mês.
Para os legislativos federal e estaduais, o tsunami modifica radicalmente as bancadas, com grande chance de liderar a fase política que começará em 2019.
Em seu artigo 3º, o estatuto do PSL se declara social e liberalista, forte defensor dos direitos humanos e das liberdades civis. Diz que o estado deve exercer papel regulador na economia.
Garante à população acesso aos serviços públicos de qualidade essenciais e fundamentais como saúde, educação, segurança, habitação e saneamento.
Sua estrutura interna, organização e fundamento se baseiam no respeito à constituição, soberania nacional, regime democrático, pluripartidarismo e direitos humanos fundamentais.
Devemos nos tranquilizar, então, certos de que a democracia será mantida? Devemos manter a paz de espírito diante da trajetória política de 28 anos do deputado candidato a presidente e de suas declarações?
O sujeito sempre se colocou contra a soberania nacional, votou a favor da lei que congela os investimentos sociais por 20 anos, aprovou a reforma trabalhista e validaria também a reforma previdenciária.
Em seus pronunciamentos, promete ataques violentos a desafetos políticos, aos nordestinos, negros, índios, gays, quilombolas e demais minorias, além de revelar misoginia.
O planeta consegue se recuperar de grandes catástrofes naturais. E nós, povo brasileiro, conseguiremos nos recuperar desse tsunami político medonho, caso se eleja? Melhor não arriscar, não é mesmo?
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá