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Uma edição surpreendente
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
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No mundo da grande mídia acontecem coisas surpreendentes. Uma delas foi a publicação, no sábado, dia 24 de novembro, de uma página inteira do Estadão traduzindo e reproduzindo matéria de The Economist sobre “A tecnologia e o renascimento dos sindicatos”.
O grande resumo do texto pode ser obtido por sua própria apresentação em que lemos que “apontada como uma das responsáveis pelo declínio das organizações sindicais, a tecnologia pode ter papel central no retorno dos movimentos trabalhistas”.
O autor original (cujo nome é omitido) faz uma série de cogitações pertinentes para explicar a ascensão secular e o declínio atual da organização sindical nos países capitalistas de economia forte. Alinha as sucessivas alterações da estrutura produtiva, as legislações – favoráveis ou adversas – para a prática sindical e a tecnologia (inclusive a de comunicação), cujos efeitos são favoráveis ou contrários à prática sindical.
“O apoio ao sindicato vem aumentando novamente. E a tecnologia pode, de novo, ter um papel central nesse renascimento (…). O uso da mídia social está tomando o lugar das reuniões no chão da fábrica por meio da chamada ‘ação conectiva’.”
Quanto a essa interação entre o fortalecimento das entidades e o uso de redes socais (por elas ou pelos trabalhadores) o autor sintetiza dois caminhos alternativos: ou as redes destroem os sindicatos porque os tornam irrelevantes, ou as redes são um poderoso instrumento para a realização dos objetivos estratégicos dos sindicatos. São alinhados vários exemplos na vida dos trabalhadores das grandes economias capitalistas.
Se o jornalista de The Economist tivesse olhado para o Brasil, seguramente apontaria como um exemplo forte da primeira opção a greve dos caminhoneiros, que foi independente da rede de entidades que os representavam e totalmente organizada e dirigida através das redes socais.
Um exemplo de utilização sinérgica entre a mobilização sindical e o apelo às redes sociais foi a última campanha salarial do Sinpro-SP e dos sindicatos de professores da rede privada organizados na Federação Estadual de Professores.
Recomendo que leiam e estudem o texto, uma edição surpreendente.
João Guilherme V. Netto
Consultor sindical