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Vários desafios
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
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O ano promete ser difícil. Temos problemas graves na economia e uma disputa política muito radicalizada, que agrava o ambiente econômico. As crises inibem investimentos privados, jogando mais água fria na economia. O resultado é mais recessão, desemprego e arrocho salarial.
Esse é o quadro atual, que pode melhorar ou piorar, a depender de como se comportarão governantes, líderes do Congresso Nacional, Judiciário e entidades da sociedade.
O movimento sindical tem uma história de combate à recessão. Aponto dois fatos recentes em que o sindicalismo teve participação direta. O primeiro é o “Compromisso pelo Desenvolvimento”. Esse movimento une as Centrais e entidades do setor produtivo pela retomada do crescimento e apoio a cadeias produtivas de peso no PIB.
O primeiro fruto dessa articulação é a Medida Provisória que muda critérios nos acordos de leniência de empresas envolvidas em escândalos. Sindicalistas e empresários defendem que se puna o mau empresário, mas não se impeça a empresa de fazer contrato com entes públicos, para serviços e obras. A paralisia dessas empresas já desemprega milhares de trabalhadores.
Sindicalistas e empresários também apresentaram ao governo uma lista de propostas, entre elas a ampliação do crédito, que está sufocado pelos juros absurdos. Uma reivindicação geral é que o governo baixe os juros, que hoje são os mais altos do mundo.
Outro fruto da ação sindical é o recente aumento do salário mínimo. Vale registrar que, a partir de 2004, as Centrais fizeram Marchas a Brasília cobrando uma política nacional de valorização do mínimo. Em 2007, foi firmado acordo com o presidente Lula. No ano passado, o Congresso aprovou – e Dilma sancionou – a lei que garante recomposição até 2019.
Mas essas medidas ainda são insuficientes. O Brasil precisa viabilizar uma política industrial efetiva, que priorize setores como os de energia, gás, construção pesada e naval, que são grandes empregadores e tem peso em praticamente toda a cadeia produtiva. A pedido do sindicalismo e do setor produtivo, o Dieese produziu um estudo técnico sobre esses segmentos, que já está em mãos do governo.
Chamo atenção, ainda, para o fato de que a crise econômica e a disputa ideológica criaram uma forte radicalização política em amplos setores da sociedade. Está difícil entabular uma discussão racional, pois muitos perderam a paciência de ouvir os argumentos dos outros. Ou seja, todos têm razão e ninguém resolve nada.
A radicalização não faz bem à Nação. Diferenças políticas são legítimas. Mas é preciso dar racionalidade ao debate. Lembro que este ano haverá eleições para prefeito e vereador. Como debater projetos para a cidade em um ambiente conflagrado? Como construir alianças e projetos se um já parte do princípio de que é dono da razão e o outro é ignorante, incompetente ou ladrão?
As crises podem ser combatidas de várias formas. Mas não haverá saída sem um mínimo de união, respeito, racionalidade e convergência de opiniões e projetos.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
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