É necessário reestruturar a organização sindical para compreender as mudanças e tornar a tecnologia uma ferramenta aliada da força de trabalho. É inaceitável que o capital coordene os debates sobre a produtividade e o mundo do trabalho, uma vez que esse processo está contribuindo para a redução das vagas de emprego.
Os trabalhadores sem qualificação profissional são os principais alvos do avanço tecnológico. Dessa forma, devemos cobrar políticas públicas de inclusão e estar nas ruas para retomar o diálogo, sobretudo com os mais jovens, para aumentar a conscientização e diminuir a exploração. A Reforma Trabalhista acentuou ainda mais as mazelas do mercado de trabalho, heterogêneo e precário.
O papel do movimento sindical é dar voz aos trabalhadores invisíveis que não são reconhecidos e estão excluídos das políticas públicas.
Precisamos ter um olhar atento para o futuro. A carteira de trabalho assinada e a filiação sindical não podem ser vistas como um privilégio. A redução das desigualdades não se limita à adoção de políticas públicas. Este é um chamado social que envolve diversas organizações, sendo o sindicato uma delas.
O grande capital não é mais representado pelo dono da fábrica, mas pelos especuladores do mercado financeiro, que não produzem nada e dominam a tecnologia. A luta sempre será desigual. A tecnologia deve ser usada para promover o bem-estar humano e o conhecimento para assegurar a existência da humanidade. A ascensão da classe operária só será efetiva quando conseguirmos melhorar os salários, reduzir a carga horária e remunerar o ócio. O trabalhador precisa ter conhecimento e acumular energia para produzir de forma eficiente. Tais conquistas devem ser estabelecidas em uma convenção coletiva para que todos possam se beneficiar das mudanças em curso. Há muito o que ser feito.
Por Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas