Desde a reforma trabalhista, comparamos a crise que enfrentamos à situação de sobreviventes de um avião jumbo que cai na selva. Foram anos de tentativas frustradas de salvamento. As medidas contra a classe trabalhadora e o movimento sindical aplicadas nos governos de Michel Temer e potencializadas no governo atual debilitaram as relações de trabalho, desmantelaram o movimento sindical e tentaram desarticular a luta da classe trabalhadora. Alguns grupos não se salvaram e outros estão ainda desidratados. Na ocasião, indicamos que o resgate poderia vir em 2022.
Chegamos então ao final de um processo eleitoral acirrado. Tendo em vista que as eleições em todo Brasil foram legítimas e democráticas, em 1º de janeiro de 2023 teremos a vontade da maioria: Lula presidente do Brasil e Geraldo Alckmin ocupando a vice-presidência da República. O povo brasileiro escolheu o caminho da democracia, da paz e da união.
Sempre tivemos uma relação amistosa e produtiva com Lula e Alckmin. Acreditamos que a aliança fortalece a democracia e a soberania nacional, ampliando o diálogo e consolidando os esforços em relação aos problemas sociais do Brasil. Dessa forma, os grupos que sobreviveram na floresta, mas não encontraram apoio nem trilhas seguras para a liberdade e uma vida digna nos últimos anos, terão agora a chance de recuperar o fôlego.
A sobrevivência na selva não tem sido fácil. A implementação da reforma trabalhista aumentou a informalidade e a precarização no mercado de trabalho, além de tentar colocar a prova a luta do movimento sindical. Os altos índices de desemprego e todo o retrocesso social colocou o Brasil de volta ao mapa da fome e da miséria. Durante a pandemia, o desprezo e o negacionismo do atual governo pela ciência ceifaram milhares de vidas e ainda aprofundaram o abismo da desigualdade social e da pobreza no Brasil, especialmente em relação à população negra, às mulheres e à juventude.
Finalmente vislumbramos uma oportunidade de mudança dos rumos políticos e econômicos do Brasil. Avistamos também a possibilidade de regulamentar uma adequada estrutura de custeio sindical, oriunda de negociação coletiva, e que fortaleça a efetiva representação das mais diversas categorias profissionais.
A eleição do presidente Lula representa a esperança de um país melhor e mais justo, que valoriza o diálogo e a democracia. A partir de agora, precisamos reorganizar nossas tarefas, porque temos um enorme desafio pela frente. Entendemos que as prioridades urgentes sejam combater a fome e a insegurança alimentar, gerar emprego, renda, recuperar direitos trabalhistas, bem como resgatar o respeito e o fortalecimento da democracia e suas instituições.
Sergio Luiz Leite, Serginho,
presidente da FEQUIMFAR (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas no Estado de São Paulo) e vice-presidente da Força Sindical