Na cena política brasileira, cada vez mais, as disputas eleitorais prendem a atenção de todos e dão protagonismo aos candidatos. O movimento sindical passa a ser coadjuvante.
Compreendendo isso, mas destacando a relevância do sindicalismo, apresento cinco flagrantes de ação sindical sem prejuízo de inúmeras outras.
O sindicato dos engenheiros de São Paulo tem sido coerente com sua experiência e realiza uma série de entrevistas com pré-candidatos e candidatos a todos os cargos eletivos, de forma presencial, virtual ou mista, em que a diretoria e os ativistas apresentam a plataforma sindical ao discutirem com eles e elas. Já foram ouvidos 30 candidatos à presidência, ao governo, a senadores e a deputados dos mais diversos partidos e a série continua.
Os metalúrgicos de São Paulo e do Paraná persistem em suas campanhas pela antecipação da data-base e das negociações salariais como forma de enfrentar o aumento do custo de vida e de melhorar as condições de suas mobilizações, associando-as à solidariedade classista e popular.
Já os professores da rede privada de ensino superior aprovaram em assembleia do Sinpro-SP uma greve no dia 5 de setembro contra a intransigência patronal que bloqueia qualquer possibilidade de negociação. Pretendem com ela superar este obstáculo e sensibilizar as cortes judiciais sobre o pleito dos professores ainda não atendido.
Enormes dificuldades têm enfrentado os bancários de todo o Brasil com a escandalosa proposta dos banqueiros de limitar os reajustes salariais e dos benefícios a 65% do índice da inflação, resultando em perda salarial. As negociações que têm ocorrido em Brasília são acompanhadas pelos sindicatos que organizam a resistência a esta tentativa de esbulho de um dos setores empresariais que têm obtido maiores lucros na atualidade.
E, para completar a lista, como demonstração da vivência democrática do sindicalismo, registro a renhida disputa entre as duas chapas que concorrem à eleição do sindicato dos metroviários de São Paulo, que ocorrerá ainda este mês.
Cinco exemplos de iniciativas, campanhas, lutas, resistências e disputas democráticas na vida sindical.
João Guilherme Vargas Netto é membro do corpo técnico do Diap e consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo