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Violência serve a quem?
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
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A violência nunca foi, nem será, um meio eficiente de se combater tiranias e abusos. Se o método violento não é recomendado sequer contra regimes opressivos, o que dizer, então, do uso da violência em ambientes pacíficos e sob governos democratas?
Faço essa reflexão ao ensejo da morte (ou assassinato) do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, atingido por um petardo enquanto filmava manifestação contra aumento de tarifas de ônibus no Rio de Janeiro. É mais um trabalhador morto no exercício de sua função. Até quando vamos conviver com isso?
Jamais questionaria o direito de pessoas irem às ruas protestar. Eu, enquanto cidadão e na qualidade de dirigente sindical, fui às ruas incontáveis vezes, para protestar contra a ditadura, reivindicar a volta da democracia, pedir Diretas-Já ou mesmo cobrar melhorias salariais e de condições de trabalho em fábricas. E irei quantas vezes for preciso. Mas vou para reivindicar, e não para quebrar ou destruir.
Eu, como tantos de minha geração, participei de grandes jornadas contra a ditadura e não me lembro de ter visto um só gesto de violência por parte dos manifestantes, porque o que imperava ali eram civismo e patriotismo. Estive em diversas frentes de luta sindical, inclusive em grandes greves, e não me recordo de uma simples lixeira danificada.
Os povos têm a sua própria forma de se manifestar. Nós, brasileiros, temos as nossas e eu digo que a violência sempre esteve longe das jornadas cívicas brasileiras. O povo sabe que a violência aguça a minoria, mas dispersa a maioria e, ao provocar essa dispersão, faz um movimento forte ir perdendo força e razão.
No final da tarde desta segunda-feira, recebi e-mail de um conhecido de Portugal dizendo-se espantado com a violência e o terrorismo em nosso País. Por que ele dizia isso? Porque é a imagem que a mídia mundial veicula a nosso respeito, como se fôssemos uma Nação conflagrada, sem justiça e sem lei.
O Brasil tem grandes problemas e uma enorme dívida social a saldar. Mas estamos evoluindo, de forma contínua, especialmente a partir da Constituição de 1988. A condição econômica do País melhorou, e muito, nos últimos 15 anos. Estamos, hoje, praticamente em regime de pleno emprego, com aumento real na renda e melhoria dos indicadores sociais.
Esse ambiente de avanços foi construído por meio de lutas sociais, mobilizações e disputas políticas legítimas. Eu não conheço um só avanço nascido da violência. Portanto, se a violência não serve à Nação, servirá a quem? Se querem melhorar o Brasil, escolham melhor os políticos. Aprendam a votar!
José Pereira dos Santos é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região