A greve dos caminhoneiros é assunto que por anos vai render análises e o distanciamento temporal irá contribuir para debates menos apaixonados sobre os dias que sucederam 21 de maio de 2018. Ainda assim, não podemos nos furtar do nosso papel de dirigentes sindicais e lançar um ponto de luz sobre episódios e fatos que movimentaram toda a sociedade brasileira, de norte a sul – leste a oeste.
Passados os dias de paralisações, o governo federal engatou o discurso de que o Brasil estava voltando à normalidade junto com o anúncio das medidas para a categoria dos caminhoneiros. A ideia era de tentar trazer um tom de calmaria diante do maior desabastecimento já visto no país.
O Brasil está voltando à normalidade era a frase que tiraria o temor da população e faria com que as pessoas voltassem às suas atividades cotidianas. O Brasil está voltando à normalidade era a frase que faria a população enxergar a luz no final do túnel e seguir para a sua vida de trabalho, estudo e consumo.
O Brasil está voltando à normalidade é a frase que nos faz pensar sobre qual é a normalidade que queremos para o nosso país, ou ainda, questionar: que normalidade é essa?
Vamos aos fatos dos últimos dias após o anúncio do fim da greve dos caminhoneiros. A política de preços da Petrobrás sobre a gasolina se manteve a mesma com reajustes diários, doleiros presos foram para casa, grupos atearam fogos em ônibus causando caos em diversos locais do país- principalmente Minas Gerais-, o Atlas da Violência trouxe que estamos com taxas de homicídios na década de 80, os negros e os jovens são os que mais morrem vítimas de homicídios, dados do Ministério do Trabalho e Emprego expõe a queda da arrecadação dos sindicatos prejudicando os serviços prestados aos trabalhadores e a organização da categoria.
É essa a normalidade que queremos? Não. Essa não é a normalidade que devemos aceitar para o nosso país. Por isso, devemos continuar atuando como agentes de transformação das nossas bases, indicando caminhos a seguir e, sobretudo, agir. O movimento sindical deve prosseguir mobilizando a sociedade para mudanças que deixem os índices e estatísticas na história e tragam um país mais justo, igualitário e social.
Maria Rosângela Lopes
Presidente SINDVAS