Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
25 OUT 2024

Imagem do dia

Sindirefeições São Paulo celebra outubro Rosa com café da manhã

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

Numa estrada coberta de lama, Cláudio Santos de Jesus, 42, segue caminhando até o povoado de Rio Fundo, em Terra Nova, cidade de 13 mil habitantes a 81 km de Salvador.
trabalho ruralCrédito: Divulgação

Desempregado, aproveita para assuntar sobre uma possível vaga de trabalho no povoado vizinho ao de Paranaguá, onde mora.

Nos últimos dez meses, só conseguiu um temporário: cortou bambú em um assentamento de trabalhadores sem-terra. Antes, atuava no cultivo de capim em uma fazenda da cidade. Trabalhava por jornada, sem carteira assinada.

Desde que foi demitido, ele, mulher e seus quatro filhos, com idades entre 4 e 14 anos, vivem exclusivamente dos R$ 202 que recebem do Bolsa-Família: "Estou sendo sustentado pelos meus filhos. Essa é a realidade", diz.

A situação reflete o cenário de centenas de milhares de trabalhadores rurais nordestinos. Depois de um período de bonança, marcado por um movimento de trabalhadores voltando da cidade para o campo, a taxa de ocupação despencou na região.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua do IBGE, 2,3 milhões de brasileiros que tinham algum tipo de ocupação deixaram o mercado de trabalho entre o primeiro trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017.

Deste total, 69% – 1,5 milhão de trabalhadores – estão no Nordeste. A maioria deles, cerca de 875 mil, atuavam nos setores agricultura, pecuária e pesca. Os dados incluem vagas formais, informais e trabalho por conta própria.

Desta forma, de cada três brasileiros que deixaram de ter uma ocupação desde o recrudescimento da crise econômica, um era trabalhador rural nordestino.

"Os vínculos de trabalho ligados às atividades rurais, em sua maioria informal, estão sendo os mais devastados. Na crise, o elo mais fraco é o que se rompe mais facilmente", avalia Antônio de Pádua Melo Neto, mestre em economia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e analista de políticas sociais do Ministério do Trabalho.

Do contingente total de 14 milhões de desempregados do país, 4 milhões estão no Nordeste. A Bahia lidera, com uma taxa de desocupados que chega a 18,6% da população na força de trabalho. Alagoas e Pernambuco vêm na sequência.

Além da crise econômica, o aumento da desocupação no campo ainda traz mais um ingrediente que dá contornos dramáticos à situação do Nordeste: a região enfrenta uma estiagem que já dura seis anos, na pior seca registrada nas últimas cinco décadas.

Na região de Juazeiro (BA), a conjugação de estiagem e crise fez crescer a massa de desocupados. Trabalhadores que atuavam por conta própria ou conseguiam serviços temporários em pequenas fazendas hoje estão parados.

"Na época boa, o trabalhador plantava sua própria roça de feijão, de milho, e ainda contratava os vizinhos para ajudar. Hoje, sem chuva desde 2012, a maioria deixou de plantar", diz Emerson José, presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Juazeiro.

Segundo ele, já é possível identificar um retorno do êxodo rural, com trabalhadores saindo do campo e voltando para as cidades. "As pessoas têm que fazer sua feira, comprar remédio. Se não têm como plantar, buscam uma alternativa"

No agronegócio, não houve demissões em massa. Mas as empresas da região estão sem ampliar a produção por limitações no uso da água.

A vazão de água da barragem de Sobradinho, que abastece a fruticultura irrigada do vale do rio São Francisco, foi reduzida para 550 metros cúbicos por segundo – menor nível desde que foi inaugurada em 1979.

"Temos uma crise hídrica instalada que pode comprometer a irrigação. Num cenário desses, ninguém investe para aumentar a produção", diz José Gualberto Almeida, presidente da Valexport, entidade que representa os produtores da região.

A mecanização também tem reduzido vagas no agronegócio nordestino. O corte de cana-de-açúcar, que costumava criar 1.500 vagas sazonais na região de Juazeiro, atualmente gerar apenas 800 vagas, aponta o sindicato dos trabalhadores rurais.

ROÇAS VAZIAS, PRAÇAS CHEIAS

Enquanto as roças ficam vazias com a seca e a falta de trabalho, as praças ficam cheias de gente que ali estão simplesmente para parar o tempo.

Na única praça do povoado de Rio Fundo, em Terra Nova (BA), três homens jogam baralho em cima de um banco de concreto e apostam notas de R$ 2. Luís Carlos da Silva, 38, é o único que atualmente trabalha: conseguiu uma vaga de vigia na prefeitura local.

Seus amigos, José Raimundo dos Santos 37, e Raimundo da Cruz, 29, estão desempregados há mais de um ano. Ambos trabalham na construção civil como pedreiros e aproveitaram o boom de grandes obras no Nordeste.

O primeiro trabalhou na construção de um edifício comercial em Salvador e o segundo na duplicação de uma avenida da capital. Com as obras acabadas, os dois voltaram à cidade natal e não conseguem emprego.

"Aqui só serve para morar mesmo porque trabalho não tem", diz Raimundo da Cruz, que tem mantido mulher e dois filhos com ajuda dos pais.

 A construção é o segundo setor com maior perda de vagas no Nordeste. Cerca de 390 mil trabalhadores nordestinos deixaram de ter uma ocupação neste setor entre 2014 e 2017.

Grandes obras como a construção das ferrovias Oeste-Leste e Transnordestina e a construção de um estaleiro que atenderia à Petrobras no recôncavo baiano estão praticamente paralisadas.

Esta última é tocada por Odebrecht, OAS e UTC, três empresas investigadas na Operação Lava Jato. Desde janeiro, o consórcio que tocava a obra está em recuperação judicial.

A indústria também foi impactada e o terceiro setor em perda de vagas no Nordeste, com 285 mil trabalhadores que deixaram de ter uma ocupação.

Em Terra Nova (BA), os escombros dos galpões das usinas de cana-de-açúcar desativadas refletem a situação de ruína do mercado de trabalho local.

Dionísio Batista da Silva, 51, demitido da Usina Aliança e que está há três anos parado, sobrevive vendendo "um feijão, um quiabinho, quando tem". Viu seus dois filhos mais velhos partirem para Salvador em busca de emprego.

Na última quinta-feira (20), agradecia a chuva que deixou enlameadas as estradas vicinas da região. Ganhou um sopro de esperança e vai plantar milho e feijão. "Tenho sorte porque tenho meu pedacinho de terra. Imagine quem não tem".

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Últimas de Assuntos Agrários

Todas de Assuntos Agrários
Força é protagonista na 35ª reunião do Conselho da CSI
Força 4 DEZ 2024

Força é protagonista na 35ª reunião do Conselho da CSI

Mutirão do emprego do Sinthoresp seleciona para restaurantes
Força 4 DEZ 2024

Mutirão do emprego do Sinthoresp seleciona para restaurantes

Metalúrgicos da CR Bluecast conquistam PLR mínima de R$ 10 mil
Força 4 DEZ 2024

Metalúrgicos da CR Bluecast conquistam PLR mínima de R$ 10 mil

Luiz Arraes participa de audiência pública sobre impactos da reforma trabalhista aprovada em 2017
Força 4 DEZ 2024

Luiz Arraes participa de audiência pública sobre impactos da reforma trabalhista aprovada em 2017

SINPOSPETRO-RJ verifica cumprimento de NR 24 em postos de combustíveis do Sul do Estado
Força 4 DEZ 2024

SINPOSPETRO-RJ verifica cumprimento de NR 24 em postos de combustíveis do Sul do Estado

Centrais Sindicais e Luiz Marinho participam da 35ª Reunião do Conselho Geral da CSI
Força 4 DEZ 2024

Centrais Sindicais e Luiz Marinho participam da 35ª Reunião do Conselho Geral da CSI

Acordos metalúrgicos em Guarulhos avançam e já cobrem 90% da categoria em Guarulhos
Força 4 DEZ 2024

Acordos metalúrgicos em Guarulhos avançam e já cobrem 90% da categoria em Guarulhos

SINPOSPETRO-RJ garante mais direitos aos frentistas que estão prestes a se aposentar
Força 3 DEZ 2024

SINPOSPETRO-RJ garante mais direitos aos frentistas que estão prestes a se aposentar

“Carteira de Trabalho não tira ninguém dos programas sociais”, afirma Marinho
Força 2 DEZ 2024

“Carteira de Trabalho não tira ninguém dos programas sociais”, afirma Marinho

Centrais sindicais debatem pautas prioritárias em 2025
Força 2 DEZ 2024

Centrais sindicais debatem pautas prioritárias em 2025

Medida provisória beneficia mais pescadores do Norte do país
Imprensa 2 DEZ 2024

Medida provisória beneficia mais pescadores do Norte do país

Operação resgata 31 trabalhadores paraguaios em MS
Imprensa 2 DEZ 2024

Operação resgata 31 trabalhadores paraguaios em MS

Presidente da Força debate na Fiesp o futuro do trabalho
Força 29 NOV 2024

Presidente da Força debate na Fiesp o futuro do trabalho

Brasil atinge menor taxa de desemprego em 13 anos: 6,2%
Imprensa 29 NOV 2024

Brasil atinge menor taxa de desemprego em 13 anos: 6,2%

Nota das centrais sindicais: Pacote atende reivindicações dos trabalhadores, mas só em parte
Força 29 NOV 2024

Nota das centrais sindicais: Pacote atende reivindicações dos trabalhadores, mas só em parte

Curso prepara frentistas para usar inteligência artificial no trabalho
Força 29 NOV 2024

Curso prepara frentistas para usar inteligência artificial no trabalho

13º dos frentistas injetará R$ 63 milhões na economia do Rio
Força 29 NOV 2024

13º dos frentistas injetará R$ 63 milhões na economia do Rio

Vamos lutar por um Salário Mínimo digno?!
Artigos 29 NOV 2024

Vamos lutar por um Salário Mínimo digno?!

Patrício Teixeira canta: Sete Horas da Manhã; música
Força 29 NOV 2024

Patrício Teixeira canta: Sete Horas da Manhã; música

Deputado apresenta parecer que endurece regras para cobrança da contribuição sindical e assistencial
Imprensa 29 NOV 2024

Deputado apresenta parecer que endurece regras para cobrança da contribuição sindical e assistencial

Medidas afetam novamente os aposentados e pensionistas
Artigos 28 NOV 2024

Medidas afetam novamente os aposentados e pensionistas

Força Sindical aprova prestação de contas em reunião com direção nacional
Força 28 NOV 2024

Força Sindical aprova prestação de contas em reunião com direção nacional

Força Sindical apoia greve dos trabalhadores da PepsiCo
Força 28 NOV 2024

Força Sindical apoia greve dos trabalhadores da PepsiCo

Pacote do governo tem importantes reivindicações do movimento sindical
Força 28 NOV 2024

Pacote do governo tem importantes reivindicações do movimento sindical

Divulgar as lutas e as conquistas; por João Guilherme
Artigos 28 NOV 2024

Divulgar as lutas e as conquistas; por João Guilherme

Dados do Caged: país gera 2,1 milhões de empregos no ano
Imprensa 27 NOV 2024

Dados do Caged: país gera 2,1 milhões de empregos no ano

Sintrabor na luta pelo fim da escala 6X1
Força 27 NOV 2024

Sintrabor na luta pelo fim da escala 6X1

Sincomerciário integra movimento unificado pelo fim da 6×1
Força 27 NOV 2024

Sincomerciário integra movimento unificado pelo fim da 6×1

Nota em apoio a greve dos trabalhadores da PepsiCo
Força 27 NOV 2024

Nota em apoio a greve dos trabalhadores da PepsiCo

Na Argentina, borracheiros debatem crise do setor da borracha e pneumáticos
Força 27 NOV 2024

Na Argentina, borracheiros debatem crise do setor da borracha e pneumáticos

Aguarde! Carregando mais artigos...