Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
25 ABR 2024

Imagem do dia

8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical 8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

Numa estrada coberta de lama, Cláudio Santos de Jesus, 42, segue caminhando até o povoado de Rio Fundo, em Terra Nova, cidade de 13 mil habitantes a 81 km de Salvador.
trabalho ruralCrédito: Divulgação

Desempregado, aproveita para assuntar sobre uma possível vaga de trabalho no povoado vizinho ao de Paranaguá, onde mora.

Nos últimos dez meses, só conseguiu um temporário: cortou bambú em um assentamento de trabalhadores sem-terra. Antes, atuava no cultivo de capim em uma fazenda da cidade. Trabalhava por jornada, sem carteira assinada.

Desde que foi demitido, ele, mulher e seus quatro filhos, com idades entre 4 e 14 anos, vivem exclusivamente dos R$ 202 que recebem do Bolsa-Família: "Estou sendo sustentado pelos meus filhos. Essa é a realidade", diz.

A situação reflete o cenário de centenas de milhares de trabalhadores rurais nordestinos. Depois de um período de bonança, marcado por um movimento de trabalhadores voltando da cidade para o campo, a taxa de ocupação despencou na região.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua do IBGE, 2,3 milhões de brasileiros que tinham algum tipo de ocupação deixaram o mercado de trabalho entre o primeiro trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017.

Deste total, 69% – 1,5 milhão de trabalhadores – estão no Nordeste. A maioria deles, cerca de 875 mil, atuavam nos setores agricultura, pecuária e pesca. Os dados incluem vagas formais, informais e trabalho por conta própria.

Desta forma, de cada três brasileiros que deixaram de ter uma ocupação desde o recrudescimento da crise econômica, um era trabalhador rural nordestino.

"Os vínculos de trabalho ligados às atividades rurais, em sua maioria informal, estão sendo os mais devastados. Na crise, o elo mais fraco é o que se rompe mais facilmente", avalia Antônio de Pádua Melo Neto, mestre em economia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e analista de políticas sociais do Ministério do Trabalho.

Do contingente total de 14 milhões de desempregados do país, 4 milhões estão no Nordeste. A Bahia lidera, com uma taxa de desocupados que chega a 18,6% da população na força de trabalho. Alagoas e Pernambuco vêm na sequência.

Além da crise econômica, o aumento da desocupação no campo ainda traz mais um ingrediente que dá contornos dramáticos à situação do Nordeste: a região enfrenta uma estiagem que já dura seis anos, na pior seca registrada nas últimas cinco décadas.

Na região de Juazeiro (BA), a conjugação de estiagem e crise fez crescer a massa de desocupados. Trabalhadores que atuavam por conta própria ou conseguiam serviços temporários em pequenas fazendas hoje estão parados.

"Na época boa, o trabalhador plantava sua própria roça de feijão, de milho, e ainda contratava os vizinhos para ajudar. Hoje, sem chuva desde 2012, a maioria deixou de plantar", diz Emerson José, presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Juazeiro.

Segundo ele, já é possível identificar um retorno do êxodo rural, com trabalhadores saindo do campo e voltando para as cidades. "As pessoas têm que fazer sua feira, comprar remédio. Se não têm como plantar, buscam uma alternativa"

No agronegócio, não houve demissões em massa. Mas as empresas da região estão sem ampliar a produção por limitações no uso da água.

A vazão de água da barragem de Sobradinho, que abastece a fruticultura irrigada do vale do rio São Francisco, foi reduzida para 550 metros cúbicos por segundo – menor nível desde que foi inaugurada em 1979.

"Temos uma crise hídrica instalada que pode comprometer a irrigação. Num cenário desses, ninguém investe para aumentar a produção", diz José Gualberto Almeida, presidente da Valexport, entidade que representa os produtores da região.

A mecanização também tem reduzido vagas no agronegócio nordestino. O corte de cana-de-açúcar, que costumava criar 1.500 vagas sazonais na região de Juazeiro, atualmente gerar apenas 800 vagas, aponta o sindicato dos trabalhadores rurais.

ROÇAS VAZIAS, PRAÇAS CHEIAS

Enquanto as roças ficam vazias com a seca e a falta de trabalho, as praças ficam cheias de gente que ali estão simplesmente para parar o tempo.

Na única praça do povoado de Rio Fundo, em Terra Nova (BA), três homens jogam baralho em cima de um banco de concreto e apostam notas de R$ 2. Luís Carlos da Silva, 38, é o único que atualmente trabalha: conseguiu uma vaga de vigia na prefeitura local.

Seus amigos, José Raimundo dos Santos 37, e Raimundo da Cruz, 29, estão desempregados há mais de um ano. Ambos trabalham na construção civil como pedreiros e aproveitaram o boom de grandes obras no Nordeste.

O primeiro trabalhou na construção de um edifício comercial em Salvador e o segundo na duplicação de uma avenida da capital. Com as obras acabadas, os dois voltaram à cidade natal e não conseguem emprego.

"Aqui só serve para morar mesmo porque trabalho não tem", diz Raimundo da Cruz, que tem mantido mulher e dois filhos com ajuda dos pais.

 A construção é o segundo setor com maior perda de vagas no Nordeste. Cerca de 390 mil trabalhadores nordestinos deixaram de ter uma ocupação neste setor entre 2014 e 2017.

Grandes obras como a construção das ferrovias Oeste-Leste e Transnordestina e a construção de um estaleiro que atenderia à Petrobras no recôncavo baiano estão praticamente paralisadas.

Esta última é tocada por Odebrecht, OAS e UTC, três empresas investigadas na Operação Lava Jato. Desde janeiro, o consórcio que tocava a obra está em recuperação judicial.

A indústria também foi impactada e o terceiro setor em perda de vagas no Nordeste, com 285 mil trabalhadores que deixaram de ter uma ocupação.

Em Terra Nova (BA), os escombros dos galpões das usinas de cana-de-açúcar desativadas refletem a situação de ruína do mercado de trabalho local.

Dionísio Batista da Silva, 51, demitido da Usina Aliança e que está há três anos parado, sobrevive vendendo "um feijão, um quiabinho, quando tem". Viu seus dois filhos mais velhos partirem para Salvador em busca de emprego.

Na última quinta-feira (20), agradecia a chuva que deixou enlameadas as estradas vicinas da região. Ganhou um sopro de esperança e vai plantar milho e feijão. "Tenho sorte porque tenho meu pedacinho de terra. Imagine quem não tem".

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Últimas de Assuntos Agrários

Todas de Assuntos Agrários
Fortalecimento do movimento sindical é caminho para frear judicialização na Justiça do Trabalho
Força 30 ABR 2024

Fortalecimento do movimento sindical é caminho para frear judicialização na Justiça do Trabalho

Câmara de Vila Velha homenageia diretor do Sindnapi
Força 29 ABR 2024

Câmara de Vila Velha homenageia diretor do Sindnapi

CNJ debate fortalecimento das negociações coletivas
Força 29 ABR 2024

CNJ debate fortalecimento das negociações coletivas

Ato e Canto pela Vida: memória das vítimas de acidentes e doenças no trabalho
Força 29 ABR 2024

Ato e Canto pela Vida: memória das vítimas de acidentes e doenças no trabalho

Domésticas: Informalidade aumentou após pandemia
Imprensa 29 ABR 2024

Domésticas: Informalidade aumentou após pandemia

1º de Maio das Centrais será no Estacionamento do Estádio do Corinthians
Força 29 ABR 2024

1º de Maio das Centrais será no Estacionamento do Estádio do Corinthians

Vídeos 29 ABR 2024

Fortalecimento das negociações coletivas ajuda a diminuir judicialização

Entidades representativas dos aposentados lançam Moção de Apoio às medidas do INSS
Força 26 ABR 2024

Entidades representativas dos aposentados lançam Moção de Apoio às medidas do INSS

Trabalhador pode registrar acidente sem comunicação da empresa
Força 26 ABR 2024

Trabalhador pode registrar acidente sem comunicação da empresa

8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical
Imagem do dia 25 ABR 2024

8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical

Coopernapi terá tabela de juros do consignado a partir de 2 de maio
Força 25 ABR 2024

Coopernapi terá tabela de juros do consignado a partir de 2 de maio

Não ao assédio moral
Artigos 25 ABR 2024

Não ao assédio moral

Vida que segue
Artigos 25 ABR 2024

Vida que segue

Sindicalistas cearenses debatem fortalecimento do movimento sindical
Força 25 ABR 2024

Sindicalistas cearenses debatem fortalecimento do movimento sindical

Sindmetana inicia campanha salarial com trabalhadores da Caoa em Anápolis
Força 25 ABR 2024

Sindmetana inicia campanha salarial com trabalhadores da Caoa em Anápolis

Aplicação da NR-12 na saúde e segurança dos trabalhadores em debate
Força 25 ABR 2024

Aplicação da NR-12 na saúde e segurança dos trabalhadores em debate

Sindnapi participa da 16ª edição da Rio Artes
Força 24 ABR 2024

Sindnapi participa da 16ª edição da Rio Artes

Ato e Canto pela Vida, Praça Vladimir Herzog, domingo 28 de Abril, 11h
Força 24 ABR 2024

Ato e Canto pela Vida, Praça Vladimir Herzog, domingo 28 de Abril, 11h

Trabalhadores querem mais atenção ao calendário agrícola
Força 24 ABR 2024

Trabalhadores querem mais atenção ao calendário agrícola

Parabéns Fequimfar pelos 66 anos de lutas e conquistas
Força 24 ABR 2024

Parabéns Fequimfar pelos 66 anos de lutas e conquistas

FEQUIMFAR comemora 66 anos
Artigos 24 ABR 2024

FEQUIMFAR comemora 66 anos

Renda média familiar cresceu quase 12%; por quê?
Palavra do Presidente 24 ABR 2024

Renda média familiar cresceu quase 12%; por quê?

Mínimo RS: Centrais, governo e empresários ainda não chegaram a acordo
Força 23 ABR 2024

Mínimo RS: Centrais, governo e empresários ainda não chegaram a acordo

Metalúrgicos da Força debatem Nova Indústria Brasil
Força 23 ABR 2024

Metalúrgicos da Força debatem Nova Indústria Brasil

Delegação da Fenabor está na China para intercâmbio sindical
Relações Internacionais 23 ABR 2024

Delegação da Fenabor está na China para intercâmbio sindical

Sindicalistas conversam sobre a organização do1º de Maio
Força 23 ABR 2024

Sindicalistas conversam sobre a organização do1º de Maio

SinSaúdeSP lança convocação para Campanha Salarial 2024/2025
Força 23 ABR 2024

SinSaúdeSP lança convocação para Campanha Salarial 2024/2025

Sindicalistas debatem pautas trabalhistas
Força 23 ABR 2024

Sindicalistas debatem pautas trabalhistas

Vídeos 23 ABR 2024

1º de Maio Unitário – Por um Brasil mais justo!

86,1% dos reajuste salarias tiveram ganho real no primeiro trimestre
Força 19 ABR 2024

86,1% dos reajuste salarias tiveram ganho real no primeiro trimestre

Aguarde! Carregando mais artigos...