Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
12 MAR 2025

Imagem do dia

Lançamento do programa Federal crédito justo!

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Assuntos Agrários

Trabalhador rural sofre com recessão e seca no Nordeste

Numa estrada coberta de lama, Cláudio Santos de Jesus, 42, segue caminhando até o povoado de Rio Fundo, em Terra Nova, cidade de 13 mil habitantes a 81 km de Salvador.
trabalho ruralCrédito: Divulgação

Desempregado, aproveita para assuntar sobre uma possível vaga de trabalho no povoado vizinho ao de Paranaguá, onde mora.

Nos últimos dez meses, só conseguiu um temporário: cortou bambú em um assentamento de trabalhadores sem-terra. Antes, atuava no cultivo de capim em uma fazenda da cidade. Trabalhava por jornada, sem carteira assinada.

Desde que foi demitido, ele, mulher e seus quatro filhos, com idades entre 4 e 14 anos, vivem exclusivamente dos R$ 202 que recebem do Bolsa-Família: "Estou sendo sustentado pelos meus filhos. Essa é a realidade", diz.

A situação reflete o cenário de centenas de milhares de trabalhadores rurais nordestinos. Depois de um período de bonança, marcado por um movimento de trabalhadores voltando da cidade para o campo, a taxa de ocupação despencou na região.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua do IBGE, 2,3 milhões de brasileiros que tinham algum tipo de ocupação deixaram o mercado de trabalho entre o primeiro trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017.

Deste total, 69% – 1,5 milhão de trabalhadores – estão no Nordeste. A maioria deles, cerca de 875 mil, atuavam nos setores agricultura, pecuária e pesca. Os dados incluem vagas formais, informais e trabalho por conta própria.

Desta forma, de cada três brasileiros que deixaram de ter uma ocupação desde o recrudescimento da crise econômica, um era trabalhador rural nordestino.

"Os vínculos de trabalho ligados às atividades rurais, em sua maioria informal, estão sendo os mais devastados. Na crise, o elo mais fraco é o que se rompe mais facilmente", avalia Antônio de Pádua Melo Neto, mestre em economia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e analista de políticas sociais do Ministério do Trabalho.

Do contingente total de 14 milhões de desempregados do país, 4 milhões estão no Nordeste. A Bahia lidera, com uma taxa de desocupados que chega a 18,6% da população na força de trabalho. Alagoas e Pernambuco vêm na sequência.

Além da crise econômica, o aumento da desocupação no campo ainda traz mais um ingrediente que dá contornos dramáticos à situação do Nordeste: a região enfrenta uma estiagem que já dura seis anos, na pior seca registrada nas últimas cinco décadas.

Na região de Juazeiro (BA), a conjugação de estiagem e crise fez crescer a massa de desocupados. Trabalhadores que atuavam por conta própria ou conseguiam serviços temporários em pequenas fazendas hoje estão parados.

"Na época boa, o trabalhador plantava sua própria roça de feijão, de milho, e ainda contratava os vizinhos para ajudar. Hoje, sem chuva desde 2012, a maioria deixou de plantar", diz Emerson José, presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Juazeiro.

Segundo ele, já é possível identificar um retorno do êxodo rural, com trabalhadores saindo do campo e voltando para as cidades. "As pessoas têm que fazer sua feira, comprar remédio. Se não têm como plantar, buscam uma alternativa"

No agronegócio, não houve demissões em massa. Mas as empresas da região estão sem ampliar a produção por limitações no uso da água.

A vazão de água da barragem de Sobradinho, que abastece a fruticultura irrigada do vale do rio São Francisco, foi reduzida para 550 metros cúbicos por segundo – menor nível desde que foi inaugurada em 1979.

"Temos uma crise hídrica instalada que pode comprometer a irrigação. Num cenário desses, ninguém investe para aumentar a produção", diz José Gualberto Almeida, presidente da Valexport, entidade que representa os produtores da região.

A mecanização também tem reduzido vagas no agronegócio nordestino. O corte de cana-de-açúcar, que costumava criar 1.500 vagas sazonais na região de Juazeiro, atualmente gerar apenas 800 vagas, aponta o sindicato dos trabalhadores rurais.

ROÇAS VAZIAS, PRAÇAS CHEIAS

Enquanto as roças ficam vazias com a seca e a falta de trabalho, as praças ficam cheias de gente que ali estão simplesmente para parar o tempo.

Na única praça do povoado de Rio Fundo, em Terra Nova (BA), três homens jogam baralho em cima de um banco de concreto e apostam notas de R$ 2. Luís Carlos da Silva, 38, é o único que atualmente trabalha: conseguiu uma vaga de vigia na prefeitura local.

Seus amigos, José Raimundo dos Santos 37, e Raimundo da Cruz, 29, estão desempregados há mais de um ano. Ambos trabalham na construção civil como pedreiros e aproveitaram o boom de grandes obras no Nordeste.

O primeiro trabalhou na construção de um edifício comercial em Salvador e o segundo na duplicação de uma avenida da capital. Com as obras acabadas, os dois voltaram à cidade natal e não conseguem emprego.

"Aqui só serve para morar mesmo porque trabalho não tem", diz Raimundo da Cruz, que tem mantido mulher e dois filhos com ajuda dos pais.

 A construção é o segundo setor com maior perda de vagas no Nordeste. Cerca de 390 mil trabalhadores nordestinos deixaram de ter uma ocupação neste setor entre 2014 e 2017.

Grandes obras como a construção das ferrovias Oeste-Leste e Transnordestina e a construção de um estaleiro que atenderia à Petrobras no recôncavo baiano estão praticamente paralisadas.

Esta última é tocada por Odebrecht, OAS e UTC, três empresas investigadas na Operação Lava Jato. Desde janeiro, o consórcio que tocava a obra está em recuperação judicial.

A indústria também foi impactada e o terceiro setor em perda de vagas no Nordeste, com 285 mil trabalhadores que deixaram de ter uma ocupação.

Em Terra Nova (BA), os escombros dos galpões das usinas de cana-de-açúcar desativadas refletem a situação de ruína do mercado de trabalho local.

Dionísio Batista da Silva, 51, demitido da Usina Aliança e que está há três anos parado, sobrevive vendendo "um feijão, um quiabinho, quando tem". Viu seus dois filhos mais velhos partirem para Salvador em busca de emprego.

Na última quinta-feira (20), agradecia a chuva que deixou enlameadas as estradas vicinas da região. Ganhou um sopro de esperança e vai plantar milho e feijão. "Tenho sorte porque tenho meu pedacinho de terra. Imagine quem não tem".

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Últimas de Assuntos Agrários

Todas de Assuntos Agrários
Diferença entre jornada e escala de trabalho
Força 14 MAR 2025

Diferença entre jornada e escala de trabalho

“Manter os juros altos é atitude velha e proibitiva”, diz Miguel Torres
Força 14 MAR 2025

“Manter os juros altos é atitude velha e proibitiva”, diz Miguel Torres

Centrais Sindicais farão ato contra juros altos na terça-feira (18)
Força 14 MAR 2025

Centrais Sindicais farão ato contra juros altos na terça-feira (18)

SINPOSPETRO-RJ acompanha a eleição da CIPA em posto de combustível
Força 14 MAR 2025

SINPOSPETRO-RJ acompanha a eleição da CIPA em posto de combustível

Vídeos 14 MAR 2025

Exigimos justiça pela morte do agente da CET

Argentina precisa olhar com mais cuidado para os aposentados
Força 13 MAR 2025

Argentina precisa olhar com mais cuidado para os aposentados

Sindnapi propõe destinação de parte do IRPF para Fundos dos Idosos
Força 13 MAR 2025

Sindnapi propõe destinação de parte do IRPF para Fundos dos Idosos

Diretor da Fessp-Esp denuncia retaliação do Governo às entidades sindicais
Força 13 MAR 2025

Diretor da Fessp-Esp denuncia retaliação do Governo às entidades sindicais

Lula autoriza uso do eSocial para ofertar consignado a trabalhador CLT
Imprensa 13 MAR 2025

Lula autoriza uso do eSocial para ofertar consignado a trabalhador CLT

Vídeos 13 MAR 2025

E-Consignado vai democratizar empréstimos aos trabalhadores com juros baixos

Presidente do Sintraf-Petrolina entrega reivindicações ao Ministro do Trabalho
Força 13 MAR 2025

Presidente do Sintraf-Petrolina entrega reivindicações ao Ministro do Trabalho

Dia das mulheres
Artigos 13 MAR 2025

Dia das mulheres

Metalúrgicos de Curitiba lançam campanha de combate à violência contra mulher
Força 12 MAR 2025

Metalúrgicos de Curitiba lançam campanha de combate à violência contra mulher

Lançamento do programa Federal crédito justo!
Imagem do dia 12 MAR 2025

Lançamento do programa Federal crédito justo!

Presidente da Força participa de reunião sobre a COP 30
Força 12 MAR 2025

Presidente da Força participa de reunião sobre a COP 30

Insegurança e baixos salários reduzem a oferta de mão de obra nos postos
Força 12 MAR 2025

Insegurança e baixos salários reduzem a oferta de mão de obra nos postos

Nova subsede em Palmas amplia atendimento a associados do Sindnapi
Força 12 MAR 2025

Nova subsede em Palmas amplia atendimento a associados do Sindnapi

Força Sindical SP realiza ato para celebrar Dia da Mulher
Mulher 12 MAR 2025

Força Sindical SP realiza ato para celebrar Dia da Mulher

Frentistas do Rio retomam negociação salarial hoje
Força 11 MAR 2025

Frentistas do Rio retomam negociação salarial hoje

Sindnapi amplia atendimento com inauguração de subsedes em Palmas e Teresina
Força 11 MAR 2025

Sindnapi amplia atendimento com inauguração de subsedes em Palmas e Teresina

Sindicalistas da Força participam da posse de Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann
Força 10 MAR 2025

Sindicalistas da Força participam da posse de Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann

Coopernapi já opera com empréstimo consignado de até 96 parcelas
Força 10 MAR 2025

Coopernapi já opera com empréstimo consignado de até 96 parcelas

FETERCESP realiza evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Mulher 10 MAR 2025

FETERCESP realiza evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Emancipação feminina reduz desigualdade social, diz presidente do SINPOSPETRO-RJ
Força 10 MAR 2025

Emancipação feminina reduz desigualdade social, diz presidente do SINPOSPETRO-RJ

Químicos de Bauru fazem assembleias com trabalhadores das usinas
Força 10 MAR 2025

Químicos de Bauru fazem assembleias com trabalhadores das usinas

Vídeos 10 MAR 2025

Duas boas notícias para os trabalhadores

Sindnapi lamenta o falecimento do companheiro Sabará
Força 10 MAR 2025

Sindnapi lamenta o falecimento do companheiro Sabará

Vídeos 8 MAR 2025

Força Sindical celebra 34 anos de história

Mais de três décadas de lutas e conquistas
Força 8 MAR 2025

Mais de três décadas de lutas e conquistas

Vídeos 8 MAR 2025

Presidente da Força celebra dia Internacional da Mulher

Aguarde! Carregando mais artigos...