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Dica de filme: O Candidato
sexta-feira, 31 de julho de 2015
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Em política, o candidato representa uma peça dentro de uma máquina eleitoral imensa, formada por assessores, marqueteiros, publicitários, redatores e conselheiros, responsáveis em formar uma imagem ideal para público-alvo, que são os eleitores. Tudo isso inserido no cenário formado pelas cidades.
As equipes das campanhas políticas moldam os candidatos, transformando-os em produtos a serem consumidos de acordo com as pesquisas e os anseios dos cidadãos que, em geral, esperam por uma sociedade mais justa, eficiente e igualitária.
Nessa busca para atingir e conquistar o imaginário coletivo, os articuladores das campanhas utilizam-se de elementos oriundos da razão, composto por dados matemáticos, estatísticas, projeções, pesquisas, que são combinados, de forma muito bem pensadas, com elementos da emoção, como a esperança, a utopia e um sentimento de fraternidade e bem-estar entre as pessoas em sociedade. O embate entre a razão e a emoção cria um universo oposto e complementar nas campanhas políticas, uma vez que concilia o real com o imaginário: entre aquilo que é, e o que se deseja ser.
“O Candidato”, vencedor do Oscar de melhor roteiro, conquistado por Jeremy Larner, na premiação de 1972, ainda mantém sua narrativa vigorosa e atual, principalmente com o aparelhamento cada vez maior das estruturas eleitorais.
Dirigido por Michael Ritchie, o filme narra a história de Bill McKay (Robert Redford), o galã de meia-idade, advogado, distante do mundo político, com princípios e ideias por um mundo melhor, que recebe o convite para ser o candidato Democrata a um cargo no senado americano pelo Estado da Califórnia. McKay representa o cidadão em estado puro, sem a contaminação do universo político.
O convite a McKay surge a partir do momento em que Marvin Lucas (Peter Boyle), raposa no jogo político, enxerga em Mckay o perfil ideal para confrontar com Crocker Jarmon (Don Porter), velho senador, há 18 anos representando a Califórnia.
Além da diferença de idade, há o contraste de posições. McKay é jovem, arrojado e considera as transformações do seu tempo, em questões polêmicas como a Guerra do Vietnã, a Previdência Social e o aborto. Por outro lado, Jarmon representa o lado conservador, retrógrado e ufanista.
A condição imposta por McKay aos coordenadores da campanha é de que ele possa expressar as suas convicções. E assim o faz com o desenrolar dos primeiros movimentos políticos, até ser engolido pela grande máquina política, que molda discursos, imagens, gestos e desumaniza os homens para transformá-los em grandes atores políticos.
Imerso na agenda da campanha, no marketing e em todo aparato da indústria do voto, McKay é tomado pelo ser político, forjado na repetição exaustiva dos apertos de mãos, da repetição dos discursos, da repetição das viagens e da repetição dos posicionamentos frente aos encontros com os eleitores que, em regra, possuem uma mesma linha mestra.
“O Candidato” não se resume a um filme obrigatório àqueles que trabalham na área de comunicação. Possui narrativa encorpada, capaz de prender a atenção de diversos segmentos e de conquistar o seu voto e sua avaliação favorável.
FICHA TÉCNICA
Título Original: The Candidate
Com: Robert Redford, Peter Boyle e Melvin Douglas
Direção: Michael Ritchie
Produção: Walter Coblenz
Roteiro: Jeremy Larner
Música: John Rubinstein
Ano:1972
Duração:109 minutos
Ricardo Flaitt (Alemão) é jornalista, estudante de História, colunista do Cinezen Cultural e assessor de imprensa do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos. Autor do livro “O Domesticador de Silêncios”. Contato: ricardoflaitt@hotmail.com