Também foi a região em que a atividade mais cresceu no período, graças, em parte, ao "efeito Copa", que multiplicou a produção de itens eletrônicos, como TVs. A produção de eletrônicos afeta diretamente a produção da Zona Franca de Manaus, principal polo industrial da região. O crescimento da atividade no período, embora mais fraco que o desejado, ajudou a reduzir a desocupação na maioria das regiões do país.
A taxa de desemprego do Norte caiu 1,5 ponto percentual, de 14,2% para 12,7%, entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano, diz a Pnad. Já o Índice de Atividade do Banco Central para a região (IBCR-N) cresceu 5,5% no período. Esse desempenho teve influência da produção industrial do Amazonas, que disparou 24,4%, puxada pela alta de 13% na fabricação de eletrônicos – que inclui aparelhos de TV – e de 9% na produção de bebidas. Ainda no Norte, a indústria do Pará cresceu 8,1%, liderada pelo segmento extrativo.
"O Norte teve, de longe, o melhor desempenho do primeiro trimestre. A indústria do Amazonas foi bem no período com produção de eletrodomésticos e TVs para a Copa", observa Alejandro Padrón, economista da 4E Consultoria, que fez o cálculo dos indicadores regionais de atividade do BC. "Isso permitiu a maior redução de taxa de desemprego entre as grandes regiões".
O Sudeste teve o segundo melhor desempenho de atividade na medição do BC, com alta de 1,2% na mesma comparação. Ali, a taxa de desemprego teve queda tímida, de 0,4 ponto, para 13,8%.
Sul e Centro-Oeste tiveram queda na atividade medida pelo BC, de 0,7% e de 0,4%, respectivamente, no primeiro trimestre ante os primeiros três meses do ano passado. Em ambos os casos, uma base mais alta de comparação foi em parte responsável pelo resultado. Essas regiões, em que o setor agropecuário é forte, tiveram uma super safra no ano passado e foram as únicas a crescer no primeiro trimestre de 2017. Apesar do recuo da atividade em 2018, o desemprego caiu 0,9 ponto e 1,6 ponto percentual, respectivamente. "Pesou favoravelmente no Sul o fato de a força de trabalho ter recuado, o que ajuda na redução da taxa de desemprego", observa Padrón.
O Nordeste, onde a recuperação "é a mais anêmica", nas palavras de Padrón, a atividade cresceu apenas 0,5% sobre o primeiro trimestre do ano passado e o desemprego cedeu 0,4 ponto percentual, para 15,9%, a maior taxa do país.
Embora todas as regiões exibam crescimento econômico e queda do desemprego na comparação com 2017, o economista da 4E ressalta que houve perda ritmo. Os dados dessazonalizados do Banco Central mostram queda da atividade no primeiro trimestre na comparação com o quarto do ano passado em todas elas. "A atividade decepcionou", afirma. O desemprego regional cresceu no primeiro trimestre ante o quarto do ano passado, mas esses dados ainda precisam ser dessazonalizados para que possam ser comparados com os do BC. Em nível nacional, a desocupação subiu de 11,8% para 13,1%, mas quando feita a dessazonalização há certa estabilidade, já que passa de 12,5% para 12,6%.
Ao longo do ano, Sudeste, Sul e Norte devem ter melhor seu desempenho econômico por causa da expectativa de melhora na atividade industrial, setor relevante nessas regiões. Mas será algo muito gradual. A 4E continua a prever aumento de apenas 1,9% para o PIB do país em 2018, estimativa que sempre se situou entre as menores do mercado, que agora parece estar convergindo para valores em volta disso.
O Nordeste deve continuar em dificuldades. "Ceará, Pernambuco e Bahia, que respondem por metade da economia local ainda estão bem devagar", diz Padrón. Ele observa que a queda da construção civil local foi mais forte que no resto do país e o setor ainda não dá mostras de reação. Isso afetou a renda e o emprego, realimentando a fraqueza da atividade. Para completar, os investimentos públicos e privados secaram. "Existe um déficit de infraestrutura muito grande ali. Sem parcerias público-privadas, sem investimento de governo, a região vai demorar para ter taxa de crescimento mais robusta".