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Índice de confiança no setor de serviços fecha o ano em queda
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
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Os resultados de dezembro do Índice de Confiança dos Serviços (ICS) da Fundação Getulio Vargas (FGV) confirmam a desaceleração da curva de confiança do setor no quarto trimestre e mostram que as expectativas positivas que impulsionaram o índice até setembro não se confirmaram. Essas expectativas, depois de avançarem nos nove primeiros meses do ano com base no ambiente político, sofrem agora os efeitos da economia que ainda patina, sem horizonte claro de melhora. Este mês, o ICS caiu 1,8 ponto na série com ajuste sazonal para 75,7 pontos, atingindo o menor nível desde junho.
Depois de avançar 11,8 pontos entre fevereiro e setembro, o ICS entrou em uma queda contínua na margem no último trimestre. O consultor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Silvio Sales, ressalta que o avanço entre o fim do primeiro trimestre e o terceiro trimestre esteve fortemente calcado nas expectativas. No período, enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,4 pontos, o Índice de Expectativas (IE) avançou 21,2 pontos. "Foi um momento muito particular da série", afirma.
De acordo com Sales, o comportamento normal da série ao longo do tempo é que ISA e IE andem juntos, mesmo em fases em que um dos dois puxa, para cima ou para baixo, o comportamento do ICS. Para o consultor do Ibre, o descolamento entre os dois índices que compõem o ICS aconteceu fundamentalmente por causa do cenário político. "O ambiente político puxava, sem contrapartida econômica. O dia a dia das empresas não confirmou isso e, para complicar, [a expectativa de um] cenário mais suave está em cheque novamente", pondera. "O alívio do campo político foi momentâneo. [O cenário político] Se tornou imprevisível de novo", acrescenta.
No último trimestre do ano, o comportamento do ICS foi o oposto, com três quedas seguidas, refletindo a percepção de que as expectativas de melhoras econômicas não se confirmariam no curto prazo. Com isso, enquanto o ICS recuou de 80,6 pontos em setembro para 75,7 pontos em dezembro, o tombo do IE foi muito maior, de 91 pontos para 81,6 pontos no mesmo período – o ISA se manteve mais estável, variando de 70,8 pontos para 70,2 pontos.
"O ajuste [do ICS] para baixo se dá pela aproximação das expectativas e da situação real", frisa Sales.
O lado bom, avalia ele, é que o ISA não piorou tanto, o que mostra que a confiança, apesar de piorar nos últimos três meses, ainda se mantém longe do "fundo do poço" de setembro de 2015, quando o ICS marcou 66,4 pontos, com 68,8 pontos no ISA e 64,6 pontos no IE.
"Enquanto o lado real não mostrar reação [a confiança] não vai melhorar. O fim de ano, com consumo maior, pode mostrar indicadores melhores [em janeiro]. Pode aliviar um pouco a entrada do ano seguinte", acredita Sales.
Ele lembra que o sentimento durante o terceiro trimestre era de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país começaria a reagir no fim do ano. Mas o resultado do terceiro trimestre decepcionou e colaborou para derrubar as expectativas e, de quebra, a confiança em todos os setores.
"Imaginávamos que o PIB na margem daria 'zero a zero' para começar a reagir. Isso não aconteceu e ainda não está no radar dos indicadores. O cenário é muito pouco claro", diz Sales.