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A ‘bancada sindical’
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
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Confesso que não dou muito valor à pregação do DIAP sobre a “bancada sindical” de deputados e senadores no Congresso Nacional.
É claro que se pode sempre estabelecer uma lista daqueles que se iniciaram na vida pública militando em sindicatos de trabalhadores ou foram diretores de entidades em alguma ocasião. Mas esse grupo significa o quê? Serão os defensores únicos da pauta trabalhista? Serão os articuladores de alianças congressuais capazes de impedir derrotas e garantir vitórias? Duvido muito.
Lembra-me a luta acirrada durante o ano de 1983 contra os decretos-leis de arrocho salarial da ditadura que fim dava. O deputado que protagonizou esta luta, Luiz Henrique, era até então um desconhecido de Santa Catarina, com uma carreira burocrática no Dops regional e completamente jejuno em questões trabalhistas e sindicais. Mas, encarnando o sentimento democrático da sociedade e apoiado pelo seu partido, o PMDB e pela unidade de ação do movimento sindical (principalmente paulista, como foi demonstrado na greve geral de 21 de julho), levou o Congresso Nacional a derrotar, pela primeira vez, um decreto-lei da ditadura.
A unicidade sindical impede institucionalmente a partidarização dos sindicatos. Como no âmbito do Congresso e na vida política em geral exige-se a primazia e até mesmo a exclusividade dos partidos, a “bancada sindical” é uma contradição em termos, corporativa e divisionista. Não vota unida, pelo contrário e é indutora de atitudes isolacionistas.
No entanto, ao longo do tempo e isto é o mais visível, um deputado ou um senador de individualidade forte, um dos “cabeças do Congresso” do DIAP, desempenha melhor o papel de uma verdadeira bancada sindical; cito dois exemplos que são incontestáveis: o senador Paulo Paim e o deputado Paulinho da Força, que agregam apoios, impedem retrocessos e conseguem vitórias.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical