A reforma trabalhista foi muito além de reduzir os gastos dos patrões com salários e benefícios, vendendo o empreendedorismo como o eldorado para os trabalhadores, que já não tinham o devido reconhecimento financeiro por parte das empresas. Ela dificultou demasiadamente o acesso dos trabalhadores à Justiça do Trabalho para reclamar os seus direitos, e, o pior de tudo, acabou com a obrigatoriedade da participação dos sindicatos nas homologações de demissões.
A referida e desastrosa reforma também teve o claro objetivo de enfraquecer as entidades sindicais, ao pôr fim ao imposto sindical, colocando, no mesmo saco, entidades sérias e entidades de fachada. Sindicatos fracos, acesso difícil à Justiça do Trabalho, desmanche da CLT, negociações coletivas fragilizadas, trabalho por conta própria e o endeusamento do individualismo e do mercado passaram a ser característica do moderno (?) mercado de trabalho.
Passados sete anos da criminosa reforma, a Fundação Getúlio Vargas divulga os dados de uma recente pesquisa, a qual aponta que 70% dos trabalhadores gostariam de voltar a ter a segurança da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, pois o sonho do empreendedorismo não permite fazer planos, já que não existe garantia de uma renda mensal, não é possível viajar com a família, não existem férias remuneradas e o dinheiro não dá para pensar em um pé de meia para quando a velhice chegar – pois a aposentadoria ficou praticamente inatingível e a saúde de quem trabalha informalmente, ou por conta própria, perdeu a proteção de um plano coletivo de saúde.
Ainda assim, muitos brasileiros se recusam a falar de política, a lutar pelos seus direitos, a fortalecerem os seus sindicatos e a votar em candidatos do campo progressista da política. Essa opção que, apesar de ser um direito dos indivíduos, contribui para que o trabalho seja ainda mais precarizado e que o número de pobres continue a aumentar.
Eduardo Annunciato – Chicão
Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA e do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo – STIEESP e Vice-presidente da Força Sindical
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