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A especulação na crise
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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O sindicato das Indústrias do Vale da Eletrônica anunciou em 2008 o montante de 1 bilhão de reais em negócios realizados em Santa Rita do Sapucaí. A declaração foi dada durante a 10ª FIVEL (Feira industrial do Vale da Eletrônica), onde também estavam expostos alguns dos mais de 11.200 produtos feitos na cidade.
O número que aponta para o potencial de Santa Rita não faz parte da vida do (a) trabalhador (a), desde 2007 é constante empresas declararem que não tem dinheiro para pagar as verbas rescisórias e outros direitos do (a) trabalhador (a) depois da demissão. Para deixar claro, em 2007, os negócios foram de 780 milhões de reais.
Como é possível empresas de um setor que tem crescimento de 30% de um ano para o outro argumentarem que não tem dinheiro para pagar o (a) trabalhador (a)? Esse desrespeito contra a classe trabalhadora aumenta a cada dia. Agora, o argumento usado é a crise financeira mundial, é evidente que o colapso ultrapassou as fronteiras e é uma realidade para o país, porém é necessário sabermos separar e entender algumas diferenças.
No Brasil, o setor automotivo é o mais atingido pela crise, uma vez que o volume de crédito que circula no setor é grande, mas essa não é a realidade de Santa Rita. Aqui, existem empresas de tecnologia da informação que não fazem parte da cadeia produtiva automobilística.
Aliás, na empresa diretamente ligada ao setor ‘A Metagal Indústria e Comércio LTDA.’, o Sindmetsrs (Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Santa Rita do Sapucaí, Cachoeira de Minas e Conceição dos Ouros) conseguiu garantir os postos de trabalho por meio de negociação. Depois de reuniões e assembléias com os (as) trabalhadores (as) foi definido um acordo de redução da jornada de trabalho, porém com a garantia de estabilidade de emprego e sem nenhum prejuízo para os direitos previdenciários do (a) trabalhador (a), como por exemplo: férias, benefícios entre outros.
Como é possível então que as empresas que não são da cadeia automotiva e que não tem impactos diretos da crise alegarem falta de dinheiro? Isso pode ser chamado de oportunismo e falta de comprometimento social por parte dos empresários que tentam aumentar os ganhos com a redução de mão-de-obra e pagamentos.
Como exemplo desse descaso nestes últimos meses, várias empresas procuraram o Sindicato para diminuir os salários dos (as) trabalhadores (as), porém a entidade não aceita negociar sem que exista uma real necessidade para isso, como por exemplo: perdas de contrato, diminuição da produtividade.
Antes de se pensar em redução a presidente do Sindicato, Maria Rosângela Lopes, propõe alternativas para minimizar os efeitos da crise, entre elas a suspensão do contrato de trabalho por meio da Bolsa Qualificação, o banco de horas para possível compensação e ‘se caso for realmente necessária a redução da jornada de trabalho e por conseqüência a redução do salário, que se faça na proporção de descanso maior que a redução do salário. Como por exemplo, se reduz a jornada em 20% e o salário em 17%. O sindicato não aceita argumentos que não tenham nenhum benefício para o (a) trabalhador (a) e que não comprovem a real necessidade’.
Maria Rosângela Lopes, é presidente do Sindicsato dos Metalúrgicos de Santa Rita Sapucaí