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A nova realidade do setor automotivo
terça-feira, 22 de julho de 2014
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Embora exista uma enorme quantidade de livros, artigos, teses acadêmicas e memórias sobre a constituição da indústria automobilística brasileira, alguns aspectos dela permanecem desconhecidos.
Por exemplo, a “lei informal”, determinada pelo presidente Juscelino e pelo Grupo Especial da Indústria Automobilística (ele mesmo informal e oficioso) de que “quem monta, não fabrica; quem fabrica, não monta”, perdeu-se no tempo.
No entanto, ela foi decisiva para a escolha de São Bernardo como polo das montadoras, quando nem mesmo o sindicato dos metalúrgicos existia na cidade.
O Sindicato foi desmembrado em 1959 da base de Santo André (que abarcava todo o ABC) muito mais por uma manobra eleitoral no âmbito da Federação dos Metalúrgicos e por influência do PCB, do que pela presença na cidade de um polo metalúrgico significativo (os moveleiros e os trabalhadores da construção civil eram as categorias mais fortes) e cresceu junto com a própria indústria montadora.
Nas cidades vizinhas, em particular São Paulo, ficaram os fabricantes de autopeças e demais componentes de um veículo; até as datas-bases foram diferenciadas, abril para as montadoras, novembro para os fabricantes.
Um dos fenômenos atuais decorrentes da dispersão geográfica dos centros de fabricação de veículos (para Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e em outras localidades, inclusive no Estado de São Paulo) é a violação da “lei” que separava em bases sindicais diferentes a fabricação e a montagem.
O Sindicato dos Metalúrgicos da grande Curitiba é um exemplo, hoje, desta junção e a estratégia praticada com êxito pelo sindicato de negociar prioritariamente acordos coletivos decorre dessa nova situação.
Curitiba passou a ser protagonista sindical de peso no complexo automotivo e tem hoje sua dinâmica sindical reconhecida por todos. Soube enfrentar com estratégias coerentes e táticas baseadas na unidade da categoria e na mobilização sindical, a nova realidade em que “quem fabrica também monta”.
João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical