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Agricultura Familiar de marcha ré
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
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Segundo os dados fornecidos pelo último senso do IBGE, a agricultura familiar atua em 4,36 milhões de estabelecimentos agropecuários, dos 5,17 milhões existentes no país. Responde ainda por 38% do valor total da produção e emprega 74,4% das pessoas ocupadas no campo. São dados interessantes que demonstram o quão representativa é o segmento para o setor agrícola e à economia do país.
A luta dos movimentos dos sem terras para colocar famílias no campo é intensa, trágica e complicada. Mesmo que nenhum governo quisesse fazer a Reforma Agrária no Brasil, ela acaba acontecendo pela pressão das manifestações, que são realizadas, porém, de forma nada adequada e com resultados insatisfatórios. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), a qual presido, não promove acampamento e nem invasões de terras. Nossa atuação nesta área consiste em ajudar, dentro de nossas possibilidades de atuação, as pessoas que estão em assentamentos oficializados, pois representamos assalariados rurais e agricultores familiares, ou seja, todos os trabalhadores rurais.
Em diversas reuniões com assentados, como os do Pontal do Paranapanema, constatei as dificuldades que esses trabalhadores enfrentam para melhorarem suas vidas. Um exemplo é a situação de Teodoro Sampaio, onde os assentamentos do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) congregam 1200 famílias. Praticamente 100% delas vivem da atividade leiteira. Raras são as pessoas bem sucedidas na atividade, dado à falta de orientação para aquele povo. Por exemplo, para 1.200 famílias há apenas um veterinário, uma assistente social e uma meia dúzia de agrônomos. Como um veterinário vai fazer acompanhamento para esse número de famílias?
Ao levar ao conhecimento dos agricultores sobre políticas públicas e programas de desenvolvimento e fortalecimento existentes há anos e que podem ajudá-los, constatamos também que praticamente toda população desses assentamentos desconhece ou não tem acesso a eles. Existem saídas para a situação, mas tudo passa por uma melhor orientação. Por exemplo, é possível melhorar a produtividade do leite e com o esterco produzir verduras, legumes, frutas, etc. Se houver incentivo, esses produtos podem ser adquiridos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que, aliás, compra até R$ 8 mil por produtor ao ano. Como os produtos são perecíveis e a Conab não pode estocá-los, os produtores podem entregá-los no mesmo dia para hospitais, creches, asilos, e facilitar a vida até das prefeituras. E estou citando apenas um exemplo do que pode ser feito, mas ainda é possível que se faça muito mais.
Ao meu ver, o que falta é vontade política de fazer dar certo. Com muita luta, o movimento sindical tem conseguido linhas de crédito e facilidades para financiamentos. Mas se os governos não enxergarem que é preciso profissionalizar os agricultores para que eles tenham sucesso, investindo em extensão rural e acompanhamento técnico, a agricultura familiar do Brasil já começou a caminhar para trás. As instruções poderiam vir de forma mais abrangente por parte da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo que, com seu orçamento de 0,72% da receita estadual, não consegue ampliar o quadro de profissionais da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), investir em infra-estrutura e nem pagar bem os que lá já trabalham.
Braz Albertini é presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São