Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
8 OUT 2025

Imagem do dia

Seminário Pré-COP30; FOTOS

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Artigos

Causas para queda na sindicalização

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Artigos

Causas para queda na sindicalização

Por: Clemente Ganz Lúcio
Um dos maiores desafios do movimento sindical brasileiro é o de reverter a queda da densidade sindical, que decorre da menor taxa de sindicalização e da diminuição da cobertura sindical protetiva realizada por meio dos contratos coletivos de trabalho (acordos e convenções coletivas). Observa-se também esse fenômeno em vários outros os países, onde é objeto de atenção e de iniciativas estratégicas das organizações sindicais que buscam revertê-lo.
 
Os fatores e causas que explicam esse fenômeno são debatidos por pesquisadores e dirigentes. A OCDE fez um amplo estudo analisando o sistema de relações de trabalho nos 36 países que compõem essa organização. O estudo indica que houve queda na densidade sindical na maioria daqueles países nas últimas quatro décadas motivada, por um lado, pela redução da taxa de sindicalização, que era de 33% em 1975 e passou para 16% em 2018, e, por outro lado, pela diminuição da proteção sindical representada pelo contingente de trabalhadores protegidos por acordos coletivos, que passou de 45% em 1985 para 32% em 2017. Neste artigo vamos trazer as causas que motivam a queda da densidade sindical apontadas no referido estudo.
 
A análise comparativa entre os países da OCDE ressalta movimentos diferentes em termos de tendências, ritmo, intensidade e contexto de declínio da sindicalização, assim como observa que há países, em menor número, com resultados opostos, ou seja, aumento da densidade sindical. A heterogeneidade da evolução da taxa de sindicalização indica causas que remetem à combinação entre fatores globais e elementos específicos de cada país.
 
As causas que explicam a queda na densidade sindical nos países da OCDE, segundo a revisão da literatura realizada no estudo, são: a globalização, as mudanças demográficas na força de trabalho, a desindustrialização, o encolhimento do setor manufatureiro, a queda do emprego no setor público, a disseminação de formas flexíveis de contratos e mudanças normativas e institucionais.
 
A globalização pressiona severamente a competição entre empresas e gera dependência de investimentos externos estrangeiros para sustentar o crescimento econômico, restringindo a ampliação da capacidade produtiva instalada e a geração de empregos de qualidade, movimentos que atuam para enfraquecer a capacidade de organização e de negociação dos trabalhadores. A imigração é outro fenômeno da globalização e afeta a densidade sindical porque os trabalhadores estrangeiros se sentem ainda mais vulneráveis se estabelecerem qualquer relação sindical, com medo do desemprego, da denúncia e da perseguição. Perversamente, fora do sindicato, ampliam a sua desproteção.
 
As transformações na estrutura da economia produzem o encolhimento da indústria ou do setor manufatureiro onde há forte sindicalização. De outro lado, observa-se o crescimento do setor de serviços, onde os empregos precários e a menor sindicalização imperam. Isso fica ainda mais evidente diante do fechamento ou encolhimento de tamanho de grandes fábricas. A terceirização é outro fenômeno da globalização que reorganiza o sistema produtivo e gera exclusão da participação, representação e proteção sindical.
 
A queda do emprego público, no qual a estabilidade e o vínculo de longa duração contribuem para a sindicalização, é outro fenômeno que explica os números de queda da densidade sindical.
 
Interessante observar que a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho costumava ser apontada como uma das causas da menor propensão à sindicalização. Entretanto, estudos recentes evidenciam que houve redução na disparidade de gênero na sindicalização, observando-se inclusive uma inversão da situação em alguns países nos quais se observa maiores taxas de sindicalização entre as mulheres do que entre os homens.
 
Aventava-se também que uma maior escolaridade da força de trabalho poderia se desdobrar em uma menor sindicalização. Os estudos não corroboram essa hipótese explicativa.
 
Já a composição etária da força de trabalho é uma causa destacada para a queda na filiação sindical. Os jovens representam 7% do total de sindicalizados na área da OCDE e são os menos propensos a se sindicalizar em todos os países analisados. A taxa de sindicalização por idade segue a forma de U invertido, menor entre os mais novos e os mais velhos e maximizada na faixa dos 40 anos.
 
O contínuo ambiente de desvalorização social da negociação coletiva e da atuação sindical de organização e de representação proporciona um “aprendizado regressivo” durante o amadurecimento na vida laboral, que se manifesta na menor participação sindical, o que, por sua vez, enfraquece as formas coletivas de atuação. É durante a vida laboral, dia após dia, que os trabalhadores experimentam, descobrem e aprendem qual é o papel do sindicato. O intencional afastamento e desqualificação da atuação coletiva gera um efeito “bola de neve” no qual a diminuição da força da voz coletiva dos trabalhadores aumenta sua desproteção, precariza e gera insegurança, o que acaba afastando ainda mais os trabalhadores dos sindicatos, o que reduz ainda mais sua capacidade de representação coletiva.
 
Outro fator essencial que explica o fenômeno de queda na sindicalização é o avanço das mudanças nas formas de contratação, as formas atípicas de emprego como o meio período, o prazo determinado, o emprego temporário e de curta duração, os contratos mediados por agências de mão-de-obra, ou por plataformas e aplicativos, entre outros. Rotatividade, informalidade, menor permanência média nos empregos, resultam em menor sociabilidade nos locais de trabalho, o que limita ainda mais as oportunidades de vínculo sindical. Os indicadores são evidentes ao demonstrarem que os trabalhadores contratados fora do padrão de contrato de prazo indeterminado têm menor sindicalização.
 
Mudanças na gestão das empresas têm aumentado a resistência para a promoção de relações sindicais. Observa-se o uso de consultores externos para promover práticas e cultura antissindical, como a ameaça de fechamento de unidades locais de empresas ou de demissão de quem se vincular ao sindicato ou participar de suas atividades, entre outras. Ameaça e medo são vetores que atuam para a baixa sindicalização.
 
O uso de métodos de gestão orientado para medir desempenho individual, a remuneração baseada em incentivos individuais, a desvalorização da negociação coletiva e incentivo às tratativas individuais contribuem para o afastamento dos trabalhadores dos sindicatos e das tratativas coletivas.
 
Há também as deficiências nas estratégias sindicais para expandir sua base nos setores que ampliam a participação na economia ou para enfrentar os novos métodos de gestão das empresas. Muitas vezes a competição intersindical e a fragmentação da base de representação são causas que potencializam o declínio sindical. De outro lado, fusões que levam a um tipo de agregação de cúpula e com baixa presença no local de trabalho podem favorecer a um maior distanciamento dos trabalhadores em relação aos sindicatos.
 
Algumas reformas nas legislações nacionais têm desvalorizado a negociação coletiva, privilegiando a negociação por empresa ou individual em detrimento à contratação setorial. Outras reformas intencionalmente dificultam o trabalho de sindicalização.
 
Mudanças institucionais que retiram dos sindicatos seu papel na promoção de políticas públicas, como na previdência social, saúde e segurança, políticas de proteção dos empregos, também motivam movimentos de distanciamento dos trabalhadores dos seus sindicatos.
 
Métodos de gestão empresarial de maior participação de um lado e, de outro, políticas públicas mais protetivas e universais (garantia de emprego, salário mínimo, benefícios coletivos e públicos) podem “retirar” atribuições dos sindicatos, o que pode contribuir para maior distanciamento dos sindicatos no contato cotidiano com os trabalhadores.
 
Todos esses fenômenos precisam ser considerados em uma reflexão crítica e propositiva para compreender, em cada contexto situacional do país, o fenômeno da queda da densidade sindical. O desafio é elaborar e desenvolver estratégias consistentes para recolocar a centralidade do papel da negociação coletiva para a regulação das relações e condições de trabalho, e dar sentido e significado ao trabalho sindical para enfrentar as mudanças no mundo do trabalho e proteger a democracia em cada país.
 
Clemente Ganz Lúcio é sociólogo, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, consultor, membro do CDESS – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, membro do Conselho da Oxfam Brasil e ex-diretor técnico do DIEESE (2004/2020)
Proteger os sindicatos é proteger o trabalhador; por João Carlos (Juruna)
João Carlos Gonçalves, (Juruna)

Proteger os sindicatos é proteger o trabalhador; por João Carlos (Juruna)

Juntos somos fortes!
Gleberson Jales

Juntos somos fortes!

Decisão final do STF sobre o Tema 935 (contribuição assistencial)
César Augusto de Mello

Decisão final do STF sobre o Tema 935 (contribuição assistencial)

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo
Eusébio Pinto Neto

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir
Eduardo Annunciato, Chicão

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz
Clemente Ganz Lúcio

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz

Diretores e dirigentes sindicais
João Guilherme Vargas Netto

Diretores e dirigentes sindicais

Dois anos sem João Inocentini
Milton Cavalo

Dois anos sem João Inocentini

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente
Maria Auxiliadora

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente

Metalúrgicos em Ação
Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Metalúrgicos em Ação

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira
Marilane Oliveira Teixeira

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira

Indústria forte é Brasil forte!
Cristina Helena Silva Gomes

Indústria forte é Brasil forte!

Se está na convenção, é lei
Paulo Ferrari

Se está na convenção, é lei

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!
Cláudio Magrão

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites
Márcio Ferreira

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites

Pelo trabalhador
Lineu Mazano

Pelo trabalhador

Abono salarial: veja seu direito no app Carteira de Trabalho Digital
Força 19 DEZ 2025

Abono salarial: veja seu direito no app Carteira de Trabalho Digital

Carta alerta riscos ao FAT e cobra medidas urgentes
Força 18 DEZ 2025

Carta alerta riscos ao FAT e cobra medidas urgentes

Todo apoio a Padre Júlio Lancellotti
Força 18 DEZ 2025

Todo apoio a Padre Júlio Lancellotti

Instituto Meu Futuro encerra ano com festa e certificados
Força 17 DEZ 2025

Instituto Meu Futuro encerra ano com festa e certificados

Guarulhos: Seminário metalúrgico avalia 2025 e planeja 2026
Força 17 DEZ 2025

Guarulhos: Seminário metalúrgico avalia 2025 e planeja 2026

Metalúrgicos da Deca aprovam Convenção Coletiva 2025
Força 17 DEZ 2025

Metalúrgicos da Deca aprovam Convenção Coletiva 2025

Sindicalistas criticam GT de aplicativos composto por Boulos
Imprensa 17 DEZ 2025

Sindicalistas criticam GT de aplicativos composto por Boulos

Confira o calendário de 2026 para pagamento do abono salarial
Imprensa 17 DEZ 2025

Confira o calendário de 2026 para pagamento do abono salarial

Sinpospetro-RJ celebra 40 anos do Cesteh em debate na Fiocruz
Força 16 DEZ 2025

Sinpospetro-RJ celebra 40 anos do Cesteh em debate na Fiocruz

Federação dos Químicos de Goiás filia-se à CNTQ
Força 16 DEZ 2025

Federação dos Químicos de Goiás filia-se à CNTQ

Brasil e Argentina fortalecem unidade no setor pneumático
Força 16 DEZ 2025

Brasil e Argentina fortalecem unidade no setor pneumático

Mobilização em Porto Alegre defende fim da escala 6×1
Força 15 DEZ 2025

Mobilização em Porto Alegre defende fim da escala 6×1

GM Mogi das Cruzes é acusada de coagir e intimidar trabalhadores
Força 15 DEZ 2025

GM Mogi das Cruzes é acusada de coagir e intimidar trabalhadores

Cofen inaugura espaço e celebra avanço pela unificação da Enfermagem
Força 15 DEZ 2025

Cofen inaugura espaço e celebra avanço pela unificação da Enfermagem

Colônias de Férias do Sindnapi reúnem idosos do programa Turismo 60+
Força 15 DEZ 2025

Colônias de Férias do Sindnapi reúnem idosos do programa Turismo 60+

Redução da jornada e fim da escala 6×1 no debate sindical
Imprensa 15 DEZ 2025

Redução da jornada e fim da escala 6×1 no debate sindical

Todo apoio à greve dos petroleiros!
Força 15 DEZ 2025

Todo apoio à greve dos petroleiros!

Proteger os sindicatos é proteger o trabalhador; por João Carlos (Juruna)
Artigos 15 DEZ 2025

Proteger os sindicatos é proteger o trabalhador; por João Carlos (Juruna)

Força Sindical participa do lançamento do Brasil que Cuida
Força 15 DEZ 2025

Força Sindical participa do lançamento do Brasil que Cuida

Centrais e movimento sociais convocam atos nacionais em defesa da democracia
Força 12 DEZ 2025

Centrais e movimento sociais convocam atos nacionais em defesa da democracia

Força Sindical critica Portaria 204 e cobra diálogo
Força 11 DEZ 2025

Força Sindical critica Portaria 204 e cobra diálogo

Juntos somos fortes!
Artigos 11 DEZ 2025

Juntos somos fortes!

NOTA OFICIAL – CNTTT
Força 11 DEZ 2025

NOTA OFICIAL – CNTTT

Comparação das jornadas de trabalho no Brasil e na França
Imprensa 11 DEZ 2025

Comparação das jornadas de trabalho no Brasil e na França

Banco Central: vergonha nacional dá presentão aos especuladores
Força 10 DEZ 2025

Banco Central: vergonha nacional dá presentão aos especuladores

Dia Internacional dos Direitos Humanos reforça luta sindical
Força 10 DEZ 2025

Dia Internacional dos Direitos Humanos reforça luta sindical

Decisão final do STF sobre o Tema 935 (contribuição assistencial)
Artigos 9 DEZ 2025

Decisão final do STF sobre o Tema 935 (contribuição assistencial)

Centrais sindicais exigem queda urgente na taxa Selic
Força 9 DEZ 2025

Centrais sindicais exigem queda urgente na taxa Selic

Trabalhadores da Maggion aprovam reivindicações da Campanha Salarial 2026
Força 9 DEZ 2025

Trabalhadores da Maggion aprovam reivindicações da Campanha Salarial 2026

Sinpospetro-RJ define prioridades e reforça trabalho de base para 2026
Força 9 DEZ 2025

Sinpospetro-RJ define prioridades e reforça trabalho de base para 2026

Aguarde! Carregando mais artigos...