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Chega de ódio, intolerância e desrespeito!
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
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Companheiros e Companheiras, ao findar desse importante espetáculo, que foi a Copa do Mundo no Brasil, onde, infelizmente, constatamos uma grande e significativa ausência de pessoas negras nas torcidas, nos jogos realizados nesse torneio, em diversos estádios espalhados por todo território nacional, passamos também à assistir, nos últimos dias, determinados acontecimentos, que de tão deprimentes e vexatórios, atingem diretamente a dignidade e a honra de milhões de brasileiros. Isso nos causa uma imensa revolta e indignação.
No dia 25 de agosto, veio à tona o caso da garota negra de 20 anos que sofreu ofensas em sua pagina pessoal no Facebook, por compartilhar uma foto com seu namorado, branco. A mesma recebeu uma enxurrada de comentários racistas, com impropérios do tipo: “ele é o seu dono?”, “me vende ela”, “onde comprou essa escrava?”. O motivo de tantos ataques é porque ela é negra? Uma garota negra que namora um garoto branco no Brasil??
No mesmo dia 25, parte da torcida do Grêmio atacou o goleiro Aranha do Santos com xingamentos e gestos racistas. O jogador se revoltou e saiu de campo atordoado, dizendo que o racismo “dói”. Motivo dos xingamentos? O trabalhador Aranha é negro no Brasil.
Não demorou muito, e no dia 28, um vídeo circulou pela internet mostrando um homem tirando a roupa e gritando num shopping de Salvador. Motivo: o cidadão estava sendo acusado de ter roubado uma loja, sendo assim, ele ficou só de cuecas e retirou tudo o que havia na mochila pra provar sua inocência. Ou seja, um cidadão negro no Brasil gritava: “Cadê o roubo? Mostre o roubo!”, enquanto era aplaudido pelos que passavam.
E coisa continua, muitos assistiram nos telejornais, quando, no dia 29, em São José dos Campos SP, outro trabalhador, o senhor Claudinei Correa, que voltava das compras com seus filhos, quando estes foram abordados por policiais militares, que se dirigiram aos mesmos com frases como “Você perdeu”, “Cadê a arma neguinho” . Eles estavam atrás de ladrões que haviam roubado uma loja nas redondezas, e o trabalhador entrou na frente para defender seus filhos e questionou os policiais. Mesmo mostrando a nota fiscal do tênis que havia comprado à vista, os policiais insistiram em levá-los para averiguação na delegacia. O pai, então, discursou exibindo o documento que comprovava a compra. Os populares, que assistiam a tudo, começaram a protestar e registrar a cenas com seus celulares. Os policiais desistiram e foram embora, mas, mais uma vez fica a pergunta: Fizeram isso porque são negros?
E agora, chega para nos essa lamentável informação de que a Câmara Municipal de São José do Rio Preto aboliu o Feriado do dia 20 de novembro "Dia da Consciência Negra", na cidade, relatando que o feriado não se aplique obrigatoriamente para efeito de funcionamento do comércio e indústrias locais. O mais vergonhoso ainda, é que isso foi aprovado por onze votos favoráveis e dois contrários, pelos vereadores da câmara.
Registramos aqui toda a nossa repulsa a esse episódio de discriminação, visto posição deliberada pela Câmara Municipal de Rio Preto e pelo Prefeito dessa cidade, que sancionou tal procedimento.
Pois, que fique então a nossa última pergunta: Quando será que tudo isso vai acabar? Chamamos para nós a responsabilidade de que esses acontecimentos deploráveis sejam divulgados, como um alerta maior para que tudo isso não mais ocorra! Chega de racismo e discriminação!! Um basta à intolerância e ao desrespeito!!!
Para uma maior reflexão, fica aqui a frase do goleiro Aranha: “Muita vezes sou tolerado, mas não aceito”
Francisco Quintino – Diretor do Departamento de Promoção Igualdade Racial da FEQUIMFAR e secretario de Promoção Igualdade Racial da Força Sindical SP