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Estamos nas ruas por nenhum direito a menos
sábado, 1 de julho de 2017
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Sexta feira, 30 de junho de 2017, chegamos ao meio de um ano conturbado, pontuado por grandes atos sindicais, como a greve geral de 28 de abril, a marcha em Brasília do dia 24 de maio e as manifestações que acontecem hoje. O objetivo das lutas e da intensificação da unidade entre entidades sindicais é claro: o repúdio à perda de direitos dos trabalhadores em atividade ou aposentados, prevista nas reformas apresentadas no Congresso Nacional.
Naturalmente a grande imprensa faz ampla cobertura das atividades, desde o ponto de vista dos ideais envolvidos até questões práticas, como o fluxo de trânsito nas cidades. Gostaria, entretanto, de chamar a atenção para o fato de que muitas vezes o que lemos nos jornais, ouvimos nos rádios ou assistimos na televisão são interpretações equivocadas e tendenciosas da ação sindical. Isso prejudica o movimento. Prejudica os trabalhadores.
Hoje, por exemplo, alguns jornais insinuam que o movimento está esvaziado devido à sinalização do governo com alternativas à sustentação financeira do movimento sindical. Isso não é verdade. A contribuição sindical, ameaçada pela reforma trabalhista, é essencial para garantir os direitos dos trabalhadores. Sem os sindicatos retrocederíamos à selvageria que eram as relações trabalhistas no início da industrialização brasileira. Mas este é apenas um ponto nocivo do pacote de maldades. E, se hoje estamos nas ruas, estamos por nenhum direito a menos. Somos contra a precarização e a desvalorização do trabalho previstas em medidas como a terceirização, a regulamentação do trabalho intermitente de modo que o empregado receba rendimentos que chegam a ser inferiores ao salário mínimo, a possibilidade da extensão da jornada de trabalho sem remuneração compatível. Lutamos, sobretudo, para continuar lutando. Para dar voz aos trabalhadores, para intermediar as homologações e as negociações coletivas. Em nossa categoria, que são os trabalhadores em edifícios, por exemplo, como o porteiro de um prédio residencial poderá negociar com o empregador sem o sindicato? Comumente ele negocia com o síndico, mas esta não é uma regra e cada morador é seu empregador. O que assegura o trabalhador, neste caso, frente à vinte, quarenta, empregadores? O sindicato.
Por isso, o que deve ficar claro nesta efervescência de manifestações que vivemos, é que nós, sindicalistas, não estamos clamando por nossa própria sustentação. Estamos nas ruas representando milhões de trabalhadores brasileiros, porteiros, vendedores, operários, motoristas, professores, jornalistas, etc, alardeando a sociedade sobre os efeitos nocivos das reformas trabalhista e previdenciária. O diálogo com o governo federal e com parlamentares é parte da ação consciente e responsável, que visa avanços na vida dos trabalhadores. Não somos surdos, intransigentes, sectários. Mas também não colocamos à venda nenhum direito social. Lutaremos sempre.
Paulo Ferrari, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo – Sindifícios e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios.