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‘Globalização, Desigualdade e a Crise Civilizatória: da Crise do Império à luta por um mundo multipolar’
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
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Muito se tem falado sobre a globalização e seus reflexos na vida das pessoas; se por um lado as empresas e o capital tiram o máximo de vantagens dessa situação, concentrando cada vez mais as propriedades e o lucro com a globalização dos processos produtivos, de serviços e financeiros, no outro lado, e em consequência, aumenta a pobreza e a exclusão da maioria da população mundial.
Os benefícios da era da comunicação globalizada pela rede produziu mais alienação que informação para o bem comum e a ferramenta continua ao sabor dos produtores de ideias, comportamentos e necessidades voltados para a sociedade de consumo. O privado passou a ser publicitado e novos padrões de moral e ética (ou a falta deles) disseminam-se pelos aplicativos sociais, que criam fantasias e distorcem a realidade, ao invés de transmitir fatos, interpretações e assim contribuir para o aumento do conhecimento e a capacidade de reflexão e decisão das pessoas.
Com isso a desigualdade histórica entre homens e mulheres, pobres e ricos, brancos, negros e indígenas se amplia ao invés de aproximá-los pelo fenômeno da globalização, graças ao modelo econômico hegemônico hoje no mundo, de vertente neoliberal, baseado na exploração do trabalho como forma de obtenção de lucro e na concentração da riqueza nas mãos de um por cento da população mundial.
A crise civilizatória está presente e visível em todos os países na medida em que não se produzem avanços na forma de distribuição do conhecimento tecnológico e científico -¬ hoje a principal fonte de riqueza dos países mais desenvolvidos ¬ que, contudo, sofrem dos mesmos problemas dos demais países por terem que lidar com as guerras provocadas geralmente por motivos econômicos, com os imigrantes, com os conflitos de classe, raciais, étnicos, de gênero, etc.
Evidentemente as crises cíclicas do capitalismo acabam piorando a situação nos países desenvolvidos, mas seus efeitos são muito mais perversos e de duração muito maior nos países em desenvolvimento. Os investimentos financeiros tem substituído a inversão em atividades produtivas por serem mais seguros e com retorno mais rápido, com quase nenhum trabalho. Isso tem feito com que as economias periféricas sofram valorizações e desvalorizações repentinas de suas moedas, que não estão fixadas na quantidade de trabalho produzida no país ou seu Produto Interno Bruto, mas em relação a reserva de dólares (moeda estrangeira) que possui.
Todo o caos que provoca essa opção econômica faz com que, todos os anos, os chefes dos países mais desenvolvidos se reúnam em Davos para encontrar soluções paliativas para o grande estrago que provocam no mundo inteiro. Paralelamente, no Fórum Social Mundial Temático de Porto Alegre, reunimo-nos, há quinze anos, buscando alternativas para a construção de uma sociedade mais humana, solidária, includente, cujos valores estejam centrados no desenvolvimento da pessoa e não no consumo predatório, com a preocupação da preservação do planeta para as futuras gerações e a distribuição da riqueza entre aqueles que a produzem.
Nessa perspectiva encaixa-se a valorização da economia social e solidária como alternativa ao modelo de apropriação individual do lucro e inclusão de amplos setores hoje alijados do mercado formal de trabalho, seja pelo processo de desindustrialização que vivemos no Brasil, ou pelos avanços tecnológicos ou ainda os devido aos ciclos de recessão.
A verdade é que os governos progressistas não tem sido efetivos em atuar na distribuição da riqueza através de políticas fiscais e tributárias que promovam uma repartição mais equitativa, de implementar políticas públicas que atendam as necessidades básicas da população e que proporcionem as condições para a eliminação de todos tipo de discriminação, igualando os cidadãos em direitos e oportunidades.
Como sociedade, temos o dever de cobrar isso dos nossos governantes e parlamentares eleitos, estejam em qual partido estiverem e de lutar pelo aperfeiçoamento da democracia representativa e o avanço para a democracia direta. Os meios de comunicação atual de que dispomos permite a consulta direta da população em muitos casos e os Conselhos criados nas esferas federal, estadual e municipal sobre saúde, previdência, mulheres, negros, juventude, emprego, educação, assistência social e muitos outros, precisam passar de consultivos a deliberativos, para que a população possa exercer maior controle social sobre as políticas públicas e a utilização das verbas a elas destinadas.
Também é importante a participação da sociedade na gestão dos serviços públicos para melhorar a sua qualidade, coibir a corrupção, as fraudes e a sonegação que tem drenado grande quantidade de recursos desses serviços, em prejuízo para o bom atendimento das necessidades dos cidadãos. Em épocas de crise econômica, a resposta não pode ser o ajuste fiscal com corte de benefícios e de serviços em detrimento dos trabalhadores e da população em geral.
Para a Força Sindical, sua direção nacional e entidades sindicais representadas, um Mundo Multipolar para todos será possível na medida em que consigamos unir nossas forças e nossas vontades, sem preconceitos, sem discriminações, com respeito e tolerância uns pelos outros, com as mentes abertas a novas ideias, a divergências, mas com o mesmo propósito de se construir uma sociedade mais humana e mais justa econômica e socialmente. Precisamos começar, agora, a influir em todos os espaços, com ideias, propostas e ações que estejam dentro dos princípios de solidariedade, ajuda mútua, repartição, direitos iguais, amor ao outro e Paz Universal.
SOMOS PARTE DO PLANETA TERRA!
Porto Alegre, Janeiro de 2016.
Ruth Coelho Monteiro, secretária Nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical